Um mundo em que os grandes heróis estão divididos e preferem combater uns aos outros a lutar pelo bem comum. Parece 2017, mas é mesmo a história de Injustice 2, novo jogo de luta do universo da DC Comics – a fantástica fábrica de quadrinhos responsável por heróis como Batman, Super-Homem, Mulher Maravilha, Flash e Lanterna Verde, para não falar em vilões da estirpe de Coringa, Arlequina e Mulher-Gato. Lançado em maio para PS4, Xbox One e PC, o novo game reúne os principais personagens da empresa em um jogo que conta com a grife Mortal Kombat em suas bases.
Isso porque quem cuida de Injustice 2 – bem como do título anterior da série, Injustice: Gods Amongs Us, lançado em 2013 para a geração anterior de consoles – é a Netherrealm, produtora fundada por um dos criadores de Mortal Kombat, Ed Boon. Assim, não é de se espantar que este Injustice 2 guarde várias semelhanças com o recente Mortal Kombat X, lançado em 2015 pela empresa para a nova geração de consoles. Dos comandos dos controles – como golpes especiais – à forma como os personagens interagem com os cenários, Injustice 2 herdou muito de seu irmão mais velho.
É um ótimo ponto de partida: tanto novatos como veteranos vão se sentir à vontade com a jogabilidade de Injustice 2. É fácil aprender os principais comandos básicos e até mesmo alguns golpes especiais, ao mesmo tempo em que os “combos” (sequências de golpes) mais efetivos são difíceis de serem dominados. (Vale o aviso: apertar todos os botões ao mesmo tempo pode até parecer eficaz. Mas não é). Por sua acessibilidade, Injustice 2 pode ser um ótimo jogo de festa, além de servir como convite a fãs de super-heróis a se aproximarem dos games – especialmente no momento em que Mulher Maravilha, grande demonstração do girl power contemporâneo, é fenômeno de audiência nos cinemas.
Modos de jogo. Há muito para se fazer em Injustice 2 – um dos grandes trunfos do game é contar com uma variedade de modos de jogo tal que o jogador sempre tem algo novo para explorar. Se você gosta de jogar sozinho, por exemplo, pode enfrentar a “máquina” em algumas partidas até dominar os principais comandos e alguns personagens principais.
Daí, é possível embarcar no Modo História: sintonizado com as histórias em quadrinhos da DC, este modo traz a continuação dos eventos apresentados em Injustice: Gods Among Us. Tudo começa com o Super-Homem preso pelo Batman após o primeiro ter assassinado o Coringa – em uma série de eventos que cria um racha na Liga da Justiça. No entanto, a ameaça de Brainiac – vilão responsável pelo fim de Krypton, o planeta do Super-Homem – acabar com a Terra faz com que os heróis tenham de se unir, de alguma forma.
O melhor jeito de fazer isso? Lutando, é claro: entre as cenas que fazem a narrativa avançar, o jogador é convidado a lutar em batalhas com diferentes personagens – indo até a coadjuvantes como Nuclear e Besouro Azul, por exemplo. É o grande ponto forte dessa área do game: ao forçar o jogador a testar diferentes heróis, Injustice 2 abre espaço para que cada um descubra as formas mais divertidas e confortáveis de jogar – eu, por exemplo, descobri que funciono bem com o Batman, Arqueiro Verde e Besouro Azul, mas sou péssimo com a dupla Super-Homem e Supergirl. De resto, o Modo História é um pouco frustrante por ter pouco estofo dramático e investir em uma sequência de acontecimentos com pouco para que o jogador consiga se emocionar.
Ainda para quem gosta de jogar sozinho, outro bom ponto é o Multiverso, espaço em que aparecem diversas missões a serem completadas pelos jogadores em sequências de lutas – nos últimos dias, depois da estreia de Mulher Maravilha, por exemplo, havia uma missão inteirinha dedicada à heroína. Cada desafio tem suas especificidades – realizar um golpe por algumas vezes em uma batalha, vencer todas as lutas com um determinado personagem – e suas recompensas. E é aí que entra outro ponto importante de Injustice 2: sua capacidade de customização.
Ao superar os desafios, cada jogador ganha caixas com itens – normalmente, partes das vestimentas dos herois. Cada item tem um determinado atributo e pode ser usado por um herói em específico, melhorando suas capacidades de defesa, ataque, vida e habilidades. Colecioná-los para turbinar os seus heróis é não só algo divertido – como preencher um álbum de figurinhas –, mas também pode ser vital durante as batalhas online, outro ponto forte de Injustice 2.
Nos testes feitos pela reportagem do Estado, os servidores de Injustice 2 apresentaram sólido desempenho – por poucas vezes as partidas tiveram problemas de latência, algo crucial em um tipo de jogo (luta) em que cada milissegundo pode fazer a diferença. Online, há uma variedade de modos – é possível disputar partidas casuais, fazer campeonatos ao vivo ou até mesmo entrar em um ranking mundial para provar quem é o Rei do Pedaço. Além disso, como manda a tradição dos games de luta, há um bom modo para vários jogadores, para quem quer enfrentar um amigo naquele “multiplayer de sofá” ou animar uma festa com o game.
Vale a pena? Injustice 2 parte de uma combinação muito bem vinda: os personagens da DC Comics e a jogabilidade da Netherrealm, produtora que deu nova vida a Mortal Kombat nas duas últimas edições do game. Combinando heróis clássicos, vilões históricos e personagens menos conhecidos – Besouro Negro, Monstro do Pântano –, o game tem vários modos de jogo, suficientes para agradar novatos, veteranos, antissociais e fanáticos por batalhas online. Se falta dramaticidade ao Modo História, há aqui boas chances de testar novos personagens e uma dublagem competente – ainda que a versão original, em inglês, seja bem mais interessante. Com bons gráficos, jogabilidade acessível e personagens carismáticos, Injustice 2 é um dos jogos mais bacanas deste ano – e, caso a concorrência não atrapalhe, periga ser o melhor game de luta de 2017. Não é pouco.