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Incra contesta dados de desmatamento do Ministério

Por João Domingos
Atualização:

O presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, mostrou-se indignado com a divulgação, pelo Ministério do Meio Ambiente, do levantamento em que seis assentamentos do Incra encabeçam a lista dos 100 maiores desmatadores do País. A relação contém mais dois assentamentos, um no 40º e, outro, no 44º lugar. "O maior desmatador do Brasil é o modelo econômico da agricultura e da pecuária. Mato Grosso é um mar de soja. Tem crime ambiental por todo o Estado", rebateu. "O que me surpreende é que exista desmatamento nas unidades de conservação do governo federal, nas terras indígenas. Nós tivemos de fazer acordos que nos obrigam a recuperar áreas degradadas. Nunca tivemos orçamento. Hoje temos. E estamos com mais de 500 pessoas trabalhando nos projetos de recuperação de florestas derrubadas", afirmou. Ele chegou a afirmar que as coordenadas geográficas de uma das fotos de satélite feitas pelo Ibama para multar o Incra por desmatamento não batem com nenhum dos assentamentos. Acha que a foto pertence a outro local. Hackbart disse que já contestou todas as multas aplicadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aos assentamentos. Segundo ele, todos os oito assentamentos foram criados entre 1995 e 2002. Seis deles abrigam, cada um, mais de 1 mil famílias; dois, 549 cada um. Ele disse que o Incra considera as multas absurdas e que foram anunciadas em hora imprópria. "Vão servir para ataques à reforma agrária. É triste o País discutir a reforma agrária como o maior desmatador da Amazônia", disse. Hackbart afirmou que embora as multas tenham sido aplicadas nos últimos quatro anos, referem-se a ocorrências de 1999 e 2000. "Pode ser que uma delas se baseie em 2006, mas nem o Ibama nem o Ministério do Meio Ambiente fizeram qualquer esclarecimento sobre datas". Rolf Hackbart disse ainda que toda terra desapropriada pelo Incra para a reforma agrária tem desmatamento e áreas degradadas. "Essa é uma das exigências feitas antes que a terra seja desapropriada, a de que não cumpre uma função social. Só depois é que se inicia a recomposição ambiental da área." A lista está disponível no site do Ministério.

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