Negras são maioria entre vítimas de violência doméstica

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Por Ligia Formenti
Atualização:

A Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres traçou um perfil das vítimas de violência que recorrem à Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180 - criado pela pasta há quatro anos para prestar atendimento e informações. Elas são na maioria negras, casadas ou vivem em união estável, tem nível médio de escolaridade e idade entre 20 e 40 anos. São submetidas à violência - na maior parte das vezes física - diariamente."Para 69% das vítimas, violência faz parte da rotina. É um número muito alto", constata a ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire. O levantamento mostra que 93% das denúncias são feitas pelas próprias vítimas e que, em 78% dos casos, elas sofrem crimes de lesão corporal leve e ameaça. O perfil do agressor também é definido: 50% dos agressores são maridos das vítimas e 61% fazem uso de substâncias entorpecentes ou álcool.Desde o lançamento, em abril de 2006, até outubro de 2009, a central realizou 791.407 atendimentos. São Paulo foi o Estado que originou maior número de ligações: 32,48% do total. Em seguida vem o Rio, com 12,57% das chamadas. Há, porém, Estados que apresentam números extremamente baixos, como Acre, com 0,1% das ligações ou Amapá, com 0,2%.CampanhaA ministra reconhece que há ainda um número reduzido de vítimas que utiliza o serviço. Uma pesquisa feita este ano mostra que, embora a violência doméstica seja a principal preocupação das brasileiras, apenas 0,3% lembram-se do serviço como uma ferramenta útil para pedir ajuda. Para tentar melhorar esse porcentual, a secretaria lançou esta semana uma campanha, com duração prevista de 15 dias, em todo o País.Para atender ao aumento da demanda, a secretaria realizou uma licitação para ampliação de 20 para 50 pontos de atendimento. A central passará a ter uma nova tecnologia, que vai permitir a transferência direta de chamadas. "Com a mudança, será possível fazer o acompanhamento do atendimento realizado, verificar qual o desfecho da situação de conflito", informou a ministra.

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