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Obama, os assassinos e os 40 delegados

Lucas Mendes fala sobre a reta final na escolha dos candidatos à Presidência.

Por Lucas Mendes
Atualização:

Só falta uma semana para a semifinal.... Foram cinco meses de eleições primárias e caucus, mas esta campanha começou há mais de um ano e, em fevereiro de 2008, John McCain era carta fora do baralho, Barack Obama era apenas um discurso e Hillary Clinton estava eleita. Aí vieram os votos. O velho senador republicano derrubou adversários milionários, Hillary Clinton investiu só em Estados maiores, Barack Obama conquistou os menores, venceu nos caucus e foi mais esperto do que a mais poderosa família política do Partido Democrata. Os erros da campanha da senadora e os acertos do senador vão ser modelospara futuras campanhas, mas neste fim-de-semana a liderança do Partido Democrata vai tomar uma decisão sobre a Flórida e Michigan, os dois Estados cujos votos não foram reconhecidos porque mudaram as datas das suas eleições primárias. Na Flórida, os nomes de Hillary Clinton e Barack Obama estavam nas cédulas, e ela ganhou com boa margem. Em Michigan, o nome do senador não aparecia na lista de candidatos. Hillary ganhou por 328.168 a zero, mas 238 mil votaram na opção "não comprometidos" e é razoável assumir que a grande maioria seria pró Obama. Para não complicar o quadro, é possível que a senadora consiga a maioria do voto popular se ganhar em Porto Rico pela margem que está prevista mas, nas eleições primárias, como no colégio eleitoral, a maioria do voto popular, no fim das contas, não pesa no resultado oficial. Pesa no moral e no político, e este é o último oxigênio de Hillary Clinton. Neste fim-de-semana foi ao ar na televisão o filme Recount, sobre a vitória do presidente Bush na Flórida, em 2000, onde os votos não foram contados até o final, houve mutretas com votos de militares e negros e até ameaça física de republicanos aos apuradores. Apesar de ser um filme liberal e anti-Bush, é irresistível para quem se interessa por política, contra ou a favor de um dos candidatos. Há vexames dos dois lados, e o argumento da maioria do voto popular na Flórida, que teria dado a vitória ao vice-presidente Al Gore, é o útimo que Hillary vai levar aos superdelegados: "Eu sou a candidata capaz de ganhar nos Estados-chave - Novo México, Nevada, Colorado, Kentucky, Flórida e Ohio. Eu ganho o voto dos latinos, dos judeus, dos brancos de classe média baixa, das mulheres e dos velhos. Obama é o candidato dos liberais ricos e dos negros". Bom argumento, mas nestas três próximas e últimas primárias - Porto Rico (que não vota para presidente), Montana e Dakota do Sul - há 86 delegados em jogo. Assumindo o pior resultado possível, o senador ganha pelo menos 10 delegados e já tem 1976. Há 250 superdelegados não comprometidos, e faltam apenas 40 para ele conseguir a indicação do partido. George Stephanoupolus, ex-secretário de imprensa do presidente Clinton, resumiu as chances da senadora: "só se cair um raio em cima de Barack Obama". Ou, como lembrou a senadora, Bob Kennedy foi assassinado no mês de junho - ela pediu perdão pelo comentário (um 'mal entedido') - que foi aceito por Barack Obama. Mas 8 em 10 negros e 4 em 10 brancos acham que ele corre risco de ser assassinado. Sem o raio e sem o assassinato até a próxima quarta-feira, Barack Obama vai ter seus quarenta votos e conquistar a indicação do partido para a Presidência. Viva Obama. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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