Venezuela se aproxima de plebiscito que pode 'eternizar Chávez'

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Por ANA ISABEL MARTÍNEZ
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O presidente Hugo Chávez poderia satisfazer a sede de governar a Venezuela até o último suspiro caso o plano de reforma constitucional seja aprovado no domingo em um plebiscito que promete ser bastante disputado e no qual o mandatário, pela primeira vez, não conta com vantagem clara. O militar da reserva realiza uma intensa campanha pelo "sim" à reforma e pelo rechaço ao "não". Segundo pesquisas recentes de intenção de voto, há um empate técnico entre as duas opções na disputa, da qual podem participar até 16,1 milhões de eleitores. Chávez garante que as pesquisas foram manipuladas e que sua sugestão será aprovada nas urnas com ao menos dez pontos de vantagem. Na enquete mais recente, que avaliou a intenção de votos até o início desta semana, a opção pelo "sim" ficou ao menos sete pontos à frente do "não". O presidente avisou ainda que a oposição, atualmente enfraquecida, possuiria um plano para conturbar o cenário, alegando fraude quando o organismo encarregado da eleição anunciasse a aprovação das reformas. Segundo os adversários de Chávez, o órgão eleitoral está a serviço do governo. O líder venezuelano, que se tornou conhecido devido a uma fracassada tentativa de golpe em 1992, deseja, com a reforma, ampliar o mandato presidencial de seis para sete anos e eliminar o limite de reeleição, o que, para os antichavistas, significa um sinal claro de que o dirigente quer "entronar-se" no cargo por muito tempo e controlar todos os fios do poder. Por diversas vezes em seus quase nove anos de governo, Chávez manifestou a vontade de permanecer no cargo para além de 2020 ou até 2031. Nas passeatas de partidários do líder, não é raro escutar palavras de ordem como: "Chávez até 2000 e sempre" e "Chávez forever". O presidente, 53, responde não pretender, com a alteração na Carta Magna, eternizar-se no poder, mas desejar dar "rumo e ritmo" à revolução, transferir o poder ao povo e reafirmar a soberania nacional. Além disso, a reforma teria por metas diminuir os altos índices de pobreza do país e impor um novo modelo produtivo e econômico. As mudanças visam ainda reduzir a jornada de trabalho, conceder benefícios sociais a milhões de trabalhadores do setor informal, criar outros tipos de propriedade e dar ao presidente o controle sobre as reservas internacionais do Banco Central, que perderia sua autonomia.

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