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Opinião|As 10 dicas para negociar com potenciais investidores

Planejamento estratégico prévio é um ponto-chave para nortear as negociações

Pelo enorme teor de impacto no negócio, a decisão de captar investimentos deve ser objeto de reflexão por parte do empreendedor e da empreendedora.

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Da sobrevivência do negócio ao suporte ao crescimento, os motivos que levam à busca por investidores podem variar, entretanto, em qualquer fase da jornada empreendedora, vale a mesma recomendação: traçar um sólido plano estratégico.

Embora esta seja uma medida pertinente para todos os negócios, para as startups de impacto, a precaução ganha contornos mais críticos diante da necessidade de ter capital e investidores alinhados ao propósito social ou ambiental defendido pelos fundadores.

Traçar um sólido plano estratégico é um passo essencial e deve antecipar a negociação para uma startup captar investidores. Foto: Felipe Gabriel

Para trazer elementos de reflexão sobre essa importante etapa do negócio, retomo um tema já tratado em uma coluna anterior, mas que, pela importância estratégica, vale abordar novamente: 10 dicas para a negociação com potenciais investidores. Esses tópicos são uma espécie de passo a passo que envolvem o antes e durante as negociações.

1) Criar conexões

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Ativar a própria rede de contatos – com o objetivo de conseguir conexões produtivas com pessoas que estão realmente alinhadas com o propósito do negócio e dos sócios – é a primeira recomendação. E, cabe ressaltar a importância de buscar o máximo de informações sobre o investidor ou a investidora. Há uma máxima popular entre os empreendedores de que “os investidores-anjo são escassos, mas os demônios são abundantes”!

2) Apoio jurídico

Contar com o apoio jurídico para aprofundar o entendimento do empreendedor nos pontos cruciais e técnicos. A negociação com um possível investidor envolve, além do valor investido e da participação, uma série de documentos como, por exemplo, term sheet (descreve os termos e as condições de um acordo em potencial, estabelecendo as bases de futuras negociações), estatuto social e o acordo de confidencialidade. Para os empreendedores, sobretudo os não familiarizados com essas documentações, o suporte de um especialista traz mais segurança nessa jornada.

3) Proposta de valor concisa e objetiva

Os investidores recebem um grande volume de solicitações de empreendedores, portanto, as interações se diferenciam por uma proposta de valor concisa e objetiva, saem na frente por demandar menos tempo de análise. Ross Baird, fundador da Village Capital, afirma que “um investidor, mesmo que seja investidor de impacto, vai passar 95% do tempo analisando o negócio e 5% o impacto”. Essa frase deixa claro que um bom negócio de impacto é, antes de tudo, um bom negócio. O empreendedor e a empreendedora devem estar cientes de que os investidores estão sempre analisando o modelo e o potencial do negócio. Afinal, o impacto só acontece quando o negócio é robusto e consegue evoluir com sustentação. Ross dá uma pista para analisar se a reunião está sendo produtiva: “se o investidor falar mais de 50% da reunião, ela está sendo boa”, diz.

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4) Esclarecer 100% das dúvidas do investidor

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Embora esteja preparado para analisar os mesmos aspectos, cada investidor terá dúvidas e interesses em pontos diferentes do modelo de negócio. Pensando nisso, a dica é falar pouco, checar o entendimento do interlocutor, direcionando a conversa para aquilo que o investidor está mais interessado em ouvir. Ou seja, direcionar o foco para esclarecer todas as dúvidas.

5) Desenvolver relacionamento

As relações para garantir investimentos bem-sucedidos são pontos cruciais. O valor que o investidor agrega ao negócio depende, em grande parte, do relacionamento que o empreendedor desenvolve durante e após o término da negociação. No livro O gênio da negociação, Deepak Malhotra e Max H. Bazerman – professores da Harvard Business School – compartilham dicas para a negociação com investidores e oferecem sugestões de como criar uma relação benéfica no longo prazo. Na obra, os autores colocam que a disposição de dedicar tempo e capital político a uma startup depende tanto da participação do investidor no capital quanto do vínculo emocional com a empresa. Se ambos forem muito baixos, o empreendedor pode sair perdendo.

6) Cuidado com excesso de confiança

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Deepak Malhotra, coautor do livro citado, aponta que o empreendedor e a empreendedora devem ter cuidado com o excesso de confiança. O que quer dizer que, na hora de captar fundos, precisam estar cientes da possibilidade de que o progresso seja mais lento do que esperado – ou que o modelo de negócio mude ao longo dessa jornada. Estar aberto às mudanças sugeridas pelo investidor precisa estar no horizonte do empreendedor. Ou seja, entender até onde está disposto a negociar uma pequena ou grande transformação da empresa.

7) Adotar a transparência

Pensar em o quanto está disponível para ser transparente. O custo da transparência, em geral, é menor do que se pensa. Um investidor experiente conhece a maioria dos problemas e pode oferecer conselhos úteis quando o empreendedor expõe os dilemas do negócio. Ainda que diminua o poder de negociação, ser transparente vai aumentar a confiança entre as partes.

8) Atenção com o valuation

Cuidado com o fascínio do valuation! Claro que o empreendedor e a empreendedora têm que valorizar o negócio, mas precisam ter pé no chão. Embora determinar o valor de uma empresa tenha um forte conteúdo de subjetividade, é necessário ter por base três itens: renda (fluxo de caixa descontado); mercado; e ativos (valor de liquidação ou valor contábil). Envolve, ainda, reflexão sobre posição que o negócio ocupa, previsão de retorno de investimentos, ineditismo da solução, entre outros.

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9) Considerar cenários possíveis

A dica é considerar a possibilidade de vários desfechos para a empresa e calcular o impacto de distintas condições. Ou seja, se está claro que esse é o momento de captação de investimento, entender onde esse capital será aplicado e se ele dialoga com o objetivo estabelecido pelos empreendedores. Alinhar a visão de empreendedores e investidores – sobretudo, em relação ao tempo e às medidas a serem tomadas – não é algo tão trivial.

10) Atenção às prioridades do negócio e do investidor

O empreendedor deve prestar muita atenção aos termos que o investidor prioriza ao negociar. Essa análise pode revelar informações importantes sobre os temores desse investidor, os interesses subjacentes e planos futuros para o negócio.

Opinião por Maure Pessanha
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