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Opinião|Tese aponta caminhos para crise da habitação, que piorou com coronavírus

Desafios da moradia enfrentados pela população de menor renda foram agravados pela pandemia; problemas grandes e complexos demandam soluções inovadoras e de impacto social

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Por Maure Pessanha
Atualização:

A moradia é um elemento central na vida do ser humano. Um tema que ultrapassa o mero conceito do morar. A relação da habitação com o entorno, a estreita associação com o desenvolvimento urbano e o acesso a políticas públicas - como saúde e educação - são somente três dos recortes passíveis de análises sobre essa correlação com o bem-estar das pessoas.

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Quando aplicamos uma visão mais ampla, refletindo sobre os déficits habitacionais qualitativo e quantitativo no Brasil, enxergamos dois grandes desafios: como levar a cidade para as pessoas e as pessoas para as cidades. Claro que em uma perspectiva de cidade que propicia dignidade e acesso a uma vida digna.

A edição 2020 da Tese de Impacto Social em Habitação - revisada à luz dos impactos da pandemia - mostra um cenário aterrador, no qual os riscos físico, psicológico, social e econômico foram agravados dentro dos mais de 11 milhões de moradias insalubres.

Enquanto a primeira edição do mapeamento correlacionou a habitação com melhores oportunidades para a população em situação de vulnerabilidade social e econômica, a nova versão revelou a urgência de iniciativas imediatas para resolver o problema, colocando o ser humano no centro do processo. Como direito fundamental, morar tem uma abrangência tão imensa, sobretudo no contexto da covid-19, que determina o viver ou morrer.

O estudo aponta que a crise na habitação no Brasil agravou-se com a disseminação do novo coronavírus, porque muitas pessoas não encontraram em seus próprios lares a proteção necessária para evitar o contágio. Nas habitações insalubres, pequenas e com ventilação comprometida, os moradores são privados do distanciamento social, no caso de um dos habitantes apresentar sintomas da doença. O entorno também é um risco à saúde: falta saneamento básico, esgoto sanitário, água potável e coleta de luxo. São inexistentes, portanto, as condições dignas para um ser humano viver.

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Vista do bairro Paraisópolis, zona sul de São Paulo. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Philip Yang, fundador do Instituto de Urbanismo e Estudos para a Metrópole, aponta que o maior risco para a morte por covid-19 não é uma condição biológica; antes, é uma condição social. As pesquisas comprovam: na cidade de São Paulo, os óbitos causados pelo vírus foram em maior número nos bairros periféricos como Grajaú, Brasilândia e Cidade Ademar.

Nesse cenário, a Tese - conduzida por uma coalizão formada pela Artemisia, Gerdau, Tigre, Instituto Vedacit e Votorantim Cimentos, com apoio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU-BR), da Caixa, do negócio de impacto social Vivenda e da Habitat para a Humanidade Brasil - mapeou os principais desafios de habitação enfrentados pela população de menor renda, agravados pela pandemia, e apresentou as oportunidades voltadas ao desenvolvimento de negócios de impacto social que possam trazer melhoria para brasileiros e brasileiras.

Desafios grandes e complexos demandam soluções inovadoras de diferentes atores e empreendedores da nossa sociedade. Acredito que, por nascerem com a intenção de oferecer produtos e serviços focados nas resoluções de problemas sociais, essas empresas têm um real potencial de enxergar soluções onde há problemas.

* Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia, organização pioneira no fomento e na disseminação de negócios de impacto social no Brasil.

Opinião por Maure Pessanha
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