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Momento é adequado para PMEs exportarem; confira dicas de como entrar nesse mercado

Estratégia de exportação online deve levar em conta valores e comportamento digital do consumidor estrangeiro; Estados Unidos, Canadá e Reino Unido são os que mais compram de brasileiros

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Foto do author Juliana Pio
Atualização:

O cenário atual global é favorável para pequenas e médias empresas brasileiras investirem em vendas internacionais. É o que aponta o relatório Comércio sem Fronteiras do PayPal de 2022, a partir de análise de 14 mercados, incluindo o Brasil. Além do câmbio favorável, diante da alta de moedas estrangeiras como o dólar, a pandemia da covid-19 impulsionou as compras online e influenciou no comportamento dos consumidores que estão, agora, mais confortáveis para adquirir produtos de sites internacionais do que em 2020. 

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“A pandemia fez com que mais pessoas experimentassem as compras online. O índice de confiança aumentou 42%, o que abre oportunidades para que o empresário brasileiro ofereça seus produtos para compradores de fora do País”, explica o chefe de parcerias e PMEs do PayPal para América Latina, Caio Costa. 

O estudo, obtido com exclusividade pelo Estadão, entrevistou 14 mil consumidores de diferentes países. Destes, 57% se identificam como compradores cross border (do comércio transfronteiriço). Esse mercado deve crescer 50% até 2025, atingindo US$ 7,4 trilhões, de acordo com o Global Ecommerce Forecast 2022, do eMarketer. Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Portugal e Peru são os principais consumidores de empresas brasileiras. 

Exportações representam de 20% a 30% das vendas mensais da Bannanna, marca de roupas de moda praia e íntima para homens. Foto: Caue Moreno/PayPal

Em todos os mercados, a principal razão para compras internacionais ainda é o preço (47%). Mais da metade das pessoas entrevistadas (61%) disseram que aguardariam maiores tempos de entrega caso o valor final fosse mais atrativo. Em seguida, estão o acesso a produtos indisponíveis localmente (44%) e a descoberta de itens novos e interessantes (39%). 

Já as categorias mais buscadas globalmente são vestuário e acessórios (39%), seguida de cosméticos e produtos de beleza (19%), eletrônicos (17%) e brinquedos e hobbies (16%). As compras cross border são feitas, preferencialmente, via marketplaces, e-commerce próprios e mídias sociais. 

Dados do DataSebrae mostram que o número de micro e pequenas empresas que estão internacionalizando seus produtos vem crescendo desde 2011. Segundo o executivo do PayPal, entender as preferências e os valores dos consumidores é fundamental para a estratégia de exportação, seja para destravar oportunidades de expandir horizontes, compensar vendas perdidas, alcançar novos clientes e lucrar mais. 

Preocupação ambiental e social

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Não só o preço tem impactado na decisão de compra. Os consumidores cross border nunca foram tão ecológicos, conforme aponta o relatório Comércio sem Fronteiras do PayPal de 2022. Dos 14 mil respondentes, 59% pagam mais por marcas que consideram socialmente responsáveis e 48% buscam saber se o vendedor apoia a população local antes de finalizar a compra. 

Essa busca por propósito somada ao interesse por produtos originais e diferenciados por parte dos consumidores estrangeiros têm garantido bons frutos para a Bannanna, marca de roupas de moda praia, íntima e resort wear para homens. As exportações começaram em 2020 e, hoje, representam de 20% a 30% das vendas mensais. 

A empresa utiliza matérias-primas biodegradáveis e originalmente brasileiras, desenvolvidas a partir de técnicas artesanais e sustentáveis, que apostam no reuso de água e em soluções de tratamento antes do descarte. Além disso, prioriza a confecção manual de pequenos empreendimentos femininos. 

“O produto performa bem lá fora, porque é adequado ao que o cliente no exterior está querendo. Procuramos produzir pensando de forma global, oferecendo itens que não são encontrados com facilidade localmente, até porque competimos com uma infinidade de marcas internacionais”, explica o sócio-proprietário e diretor criativo da Bannanna, Nelson Silva. 

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Um dos sucessos de venda da empresa, por exemplo, são as sungas em crochê. “Fizemos uma sunga de lacinho, com amarração lateral e fio dental. O cliente de fora olha com apreço para isso, porque quer produtos diferenciados”, complementa.

Ao todo, a Bannanna conta com 4 mil clientes no e-commerce internacional e já enviou mais de 20 mil pedidos para o exterior desde o ano passado, principalmente para os Estados Unidos e Europa. Recentemente, tem adentrado também no continente asiático. Com a expansão das vendas internacionais, a previsão de crescimento da marca é de 30%, com faturamento estimado de R$ 5 milhões para este ano. 

A Bannanna já enviou mais de 20 mil pedidos para o exterior desde o ano passado, principalmente para os Estados Unidos. Foto: Caue Moreno/PayPal

Experiências virtuais inovadoras

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Além de observar as preferências dos consumidores estrangeiros, os empreendedores devem levar em consideração a experiência de compra online na hora de planejar a estratégia de exportação, segundo Caio Costa, do PayPal. Praticidade, segurança, acessibilidade são aspectos que podem influenciar nas vendas online.

“As empresas precisam se preocupar com a jornada do consumidor no e-commerce, desde a hora em que o está atraindo, seja com preço, produto, questão ambiental ou social, até o momento posterior à decisão de compra, oferecendo experiência que traga segurança”, afirma o executivo. Segundo ele, o cliente estrangeiro, principalmente de países desenvolvidos onde o e-commerce tem grande penetração, é muito exigente. 

De acordo com o levantamento do PayPal, 46% dos consumidores internacionais preferem vendedores flexíveis que oferecem a opção de pagar parcelado. Outros 28% declararam que políticas de devoluções claras aumentam a sua confiança no comércio transfronteiriço, bem como a existência de ferramentas de proteção contra fraudes. 

Oferecer experiências virtuais inovadoras também pode facilitar o processo de compra para 46% dos entrevistados. Empresas como a Meta estão apostando alto em novas experiências digitais, que devem ser o futuro das interações online. Entre as tendências apontadas, estão as vendas por livestream (live em redes sociais, por exemplo), comércio por voz (tecnologia baseada em inteligência artificial) e compras por realidade aumentada. 

4 passos para começar a exportar

Para iniciar uma jornada internacional bem sucedida, o primeiro passo é buscar treinamento, qualificação e apoio, conforme mostrou o Estadão em reportagem especial. No site do Sebrae é possível encontrar cursos gratuitos de capacitação. Confira abaixo quatro dicas:

1. Verifique se a sua empresa tem condições de exportar A empresa precisa ser competitiva, ter capacidade de produção para atender o mercado externo e estar em dia com documentos. Há cursos de qualificação que fornecem diversas ferramentas para ajudar a empresa a fazer essa autoavaliação. 

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2. Escolha o país mais adequado O que você vende vai agradar o público para onde você quer vender? Defina o país para onde vai exportar de acordo com variáveis como cultura, logística, concorrência, custo para exportação, tarifas e necessidade de adaptar o produto aos consumidores locais. 

3. Obtenha os documentos necessários para a exportação Em primeiro lugar, é preciso estar habilitado no sistema Radar Siscomex da Receita Federal para começar a exportar. As orientações estão neste link. Dependendo do produto e do país, há outras certificações necessárias, principalmente para itens alimentícios. Cada país tem uma legislação sanitária. Vale buscar informações com a Receita e nos sites governamentais do país de destino.

4. Tenha um plano de exportação Esse documento é como um plano de negócios, mas voltado ao mercado externo, em que estão descritas todas as estratégias da empresa: o que vende, como vende, para quem, por meio de quais canais, entre outros detalhes. Alguns pontos precisam ser justificados por meio de estudos e análises prévias de mercado, por exemplo, como se dá a formação do preço do produto, considerando o trajeto da sua fábrica até o cliente final, a alta do dólar e os custos da operação. 

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