Assim que a modalidade de Educação a Distância (EAD) iniciou sua virtuosa curva de crescimento no Brasil, dobrando sua participação no total de ingressantes na educação superior, entre 2010 e 2018, cresceram também os mitos e preconceitos contra a EAD, que é uma tendência mundial. Um dos principais argumentos levantados contra a expansão da EAD, a qualidade dos cursos ofertados, sofreu um duro golpe após a divulgação dos resultados do Enade 2018 (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes).
Em uma análise detalhada dos resultados, um dado chama bastante atenção: entre 21 cursos privados oferecidos sequencialmente de 2015 a 2018, nas modalidades presencial e EAD, o desempenho dos alunos da Educação a Distância foi superior à presencial em 14 deles. Somente quatro cursos presenciais obtiveram resultados superiores aos cursos EAD, enquanto que em outros três, houve empate.
O levantamento, que foi realizado pela consultoria Atmã Educar, inclui cursos de peso para o mercado de trabalho, como administração, ciências contábeis, relações internacionais, secretariado executivo, turismo, serviço social e direito.
A notícia chega em boa hora e mostra o acerto do setor privado de educação superior brasileiro, que vem utilizando cada vez mais as ferramentas e tecnologias de expansão do ensino EAD, gerando oportunidades de formação superior para milhares de brasileiros e conectando o país às tendências e inovações tecnológicas mundiais.
É preciso desmistificar o entendimento de que não existem atividades presenciais para o desempenho das práticas necessárias nos cursos ofertados na modalidade EAD. As atividades práticas são previstas em perfeita consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais e os projetos pedagógicos dos respectivos cursos. Deste modo, não existe graduação 100% a distância para cursos na área da saúde, por exemplo. A carga horária prevista para essas atividades é realizada presencialmente de forma obrigatória.
Portanto, a Educação a Distância é essencial para que o país continue sua caminhada em direção às metas do Plano Nacional de Educação (PNE) que estabelecem para 2024 o objetivo de termos 33% dos jovens de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior. Hoje esse percentual é de 21,7%.
Em um país de dimensões continentais, com um dos menores índices globais de escolarização superior, é fundamental a existência de um sistema educacional hibrido, combinando atividades e cursos presenciais e à distância, que assegure o acesso e permanência do maior número possível de estudantes ao ensino superior, especialmente em um momento de grandes desafios econômicos.
*Celso Niskier é diretor presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES)
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