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Ataque aos americanos: o dia que durou 20 anos

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Por Christopher Mendonça
Atualização:
Christopher Mendonça. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Na semana em que se registram os vinte anos do maior atentado terrorista em solo americano o tema ainda se mantém entre os assuntos mais importantes da política internacional contemporânea. Não restam dúvidas de que as imagens do choque de dois aviões contra as torres gêmeas do World Trade Center ainda estão em nossa memória.

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Em uma pesquisa de opinião pública recentemente divulgada pelo Pew Research Center o terrorismo internacional manteve-se como uma das prioridades da política nos Estados Unidos, disputando espaço apenas com questões relativas à economia. Entre os entrevistados neste levantamento 74% elegeram o terrorismo como sendo o tema central a ser tratado tanto pelo presidente quanto pelo Congresso americano.

Localizado no coração de Nova York o memorial das vítimas do atentado de 11 de setembro de 2001 reúne anualmente os amigos e familiares dos milhares de pessoas que perderam suas vidas naquela ocasião. Ao longo das últimas décadas tornou-se comum nestas cerimônias a presença dos presidentes que de forma solene prestam as suas homenagens e reafirmam o seu compromisso com o combate ao terrorismo.

No dia em que se completa o vigésimo ano daquela fatídica manhã de terror o presidente Joe Biden precisará escolher com muito cuidado cada gesto e cada palavra a ser proferida diante dos olhares atentos da comunidade internacional. Em um momento marcado pela debandada das tropas americanas no Afeganistão, a opinião pública será exigente em relação ao representante máximo dos Estados Unidos.

Com a sua popularidade em queda e com sérios problemas na política doméstica, que envolvem inclusive os desdobramentos da pandemia, o presidente foi aconselhado por seus apoiadores a suspender o sigilo das investigações sobre os episódios de 11 de setembro. A medida atende às antigas solicitações por parte dos familiares das vítimas e tem por objetivo sinalizar o interesse presidencial pelo tema.

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Embora tenha sido pensada e negociada por seus antecessores, a saída dos Estados Unidos do Afeganistão foi efetivada sob ordens do presidente Biden há poucas semanas. Ainda no seu primeiro ano de mandato o atual morador da Casa Branca atraiu críticos de diversos setores da sociedade e da comunidade internacional acerca da forma como a retirada das forças de segurança do solo afegão se concretizou.

A reconquista do território pelo grupo extremista Talibã, a ineficiência das forças de segurança local e a evasão do presidente do país acabam recaindo sobre a biografia de Biden, classificando como um presidente fraco. As imagens do caos afegão rodam o mundo em alta velocidade: abusos contra minorias, violência que atinge jornalistas de diversas nacionalidades e quebras de princípios dos direitos humanos. Todos os fatores exigem maior protagonismo presidencial que parece nunca chegar.

As explosões no aeroporto de Cabul tiveram a sua autoria reconhecida pelo Estado Islâmico, um dos mais atuantes grupos terroristas da atualidade, e indicam que a intitulada "Guerra ao Terror" não chegou ao fim. Depois de duas décadas de intensa atividade militar no Oriente Médio a sensação de insegurança ainda está presente e a imagem do terrorismo mantém-se nítida sob os olhos das nações que definitivamente não aprenderam ainda a forma de se lidar com este fenômeno.

*Christopher Mendonça, professor de Relações Internacionais (IBMEC-BH). Doutor em Ciência Política

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