A Polícia Federal fez buscas nesta sexta-feira, 20, na residência e no escritório da executiva Isabel Izquierdo Mendiburo Degenring Botelho, suspeita de realizar a abertura e a gestão de contas de Maurício de Oliveira Guedes, o 'Azeitona', e Paulo Cezar Amaro Aquino, o 'Peixe', ex-gerentes da Petrobrás, mantidas e abastecidas com propinas da Odebrecht junto ao Banco Société Générale.
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Isabel mora e atua no Brasil. Documentos obtidos pelo Ministério Público Federal mediante cooperação jurídica internacional revelam que ela providenciou a papelada para abertura de contas de 'Azeitona' e 'dois ex-gerentes da estatal petrolífera, por meios das quais foram 'movimentados milhões no exterior'.
O esquema descoberto na nova fase da Lava Jato, que não ganhou nome da PF pela primeira vez, mostra que um grupo de quatro ex-gerentes da estatal petrolífera receberam R$ 95 milhões em propinas, por meio de contratos aditivados com a empreiteira. Desse total, pelo menos R$ 32 milhões foram remetidos para contas no exterior.
Em depoimento à PF, Maurício 'Azeitona' admitiu que abriu uma conta no Banco Société Générale, da Suíça, por sugestão do executivo da Odebrecht Rogério Santos de Araújo e que foi surpreendido pela realização de um depósito. Ele afirmou que procuroou Rogério e disse a ele 'que não concordava com aquilo e não queria estar envolvido em nada relacionado a propina'.
'Azeitona' declarou que 'não ficou com o dinheiro'. Para abrir a conta, disse à PF, teria contado com o auxílio de 'Isabel'.
Os porcuradores dizem Isabel era representante ou agente do Banco Societé Generale no Brasil, tendo ela também auxiliado a abertura da conta em nome da offshore Kateland International utilizada por Paulo Cezar Amaro Aquino, o 'Peixe'.
A pedido da Procuradoria, o juiz federal Sérgio Moro autorizou nuscas de provas nos endereços de um outro ex-dirigente da Petrobrás, Djalma Rodrigues de Souza, o 'Jabuti' - ex-diretor de Novos Negócios da Petroquisa - e também de Isabel Izquierdo Mendiburo Degenring Botelho e de suas empresas.
"O quadro probatório é mais do que suficiente para caracterizar causa provável a justificar a realização de busca e apreensão nos endereços dos investigados", destacou Moro. "No caso de Isabel Izquierdo Mendiburo Degenring Botelho, a busca terá por objetivo verificar se abriu contas no exterior para outros executivos da Petrobrás ou para outros agentes públicos."
Moro mandou a PF fazer buscas nos endereços de 'Jabuti' e de Isabel - os outros ex-gerentes já haviam sido alvo da medida.
"No caso de Isabel Izquierdo Mendiburo Degenring Botelho, a busca terá por objetivo verificar se abriu contas no exterior para outros executivos da Petrobrás ou para outros agentes públicos", determinou o juiz.
"Os mandados terão por objeto a coleta de provas relativa à prática pelos investigados dos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, associação criminosa, evasão fraudulenta de divisas, além dos crimes antecedentes à lavagem de dinheiro", anotou Moro.
COM A PALAVRA, O SOCIÉTÉ GÉNÉRALE
O Société Générale está em conformidade com todas as regulações de 'Prevenção à Lavagem de Dinheiro e Conheça seu Cliente (KYC)' e com os padrões do mercado. O Grupo considera a luta contra a corrupção e lavagem de dinheiro como alta prioridade. Como política geral, o Société Générale não comenta casos individuais, independente de serem com clientes ou não".