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Lava Jato mudou setor de infraestrutura no Brasil e concessões ganharam espaço, diz advogado

Especialistas defenderam reforma administrativa do Estado para diminuir espaço para irregularidades entre os setores público e privado

Foto do author Pedro Augusto Figueiredo
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Foto do author Rayssa Motta
Por Pedro Augusto Figueiredo , Pepita Ortega e Rayssa Motta

A Operação Lava Jato mudou a forma como projetos de infraestrutura são estruturados e contratados no Brasil. Na avaliação do advogado Giuseppe Giamundo Neto, o período após a operação é marcado pela predominância de concessões em detrimento das até então mais tradicionais contratações diretas de empresas feitas pelo Estado.

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“No pós-Lava Jato temos um mercado que é marcado por novas empresas, uma participação cada vez maior de fundos investimentos e do mercado financeiro, que passam a ser os estruturadores dos projetos e contratam essas empresas para executar aquele projeto, que passa a ser uma concessão de 20, 30, 40 anos”, analisou o especialista.

O tema foi debatido durante a 8º edição do seminário Caminhos contra a Corrupção, realizado pelo Estadão em parceria com o Instituto Não Aceito Corrupção (Inac). Além de Neto, participaram da mesa o advogado Rodrigo Bertoccelli, diretor do Centro de Estudos de Integridade e Desenvolvimento do Inac, e o professor e também advogado Luiz Eduardo de Almeida. A discussão foi mediada pela repórter Beatriz Bulla. Patrocinado pelo Bradesco e pela revista Cenarium Amazônia, o evento pode ser assistido na íntegra pela TV Estadão.

Os participantes da discussão também defenderam a realização de uma reforma administrativa do Estado brasileiro para simplificar a relação entre os setores público e privado Foto: Reprodução / TV Estadão

Nas concessões, o investimento é privado e a empresa responsável pela obra é remunerada, geralmente, pela tarifa paga pelos usuários. Segundo Neto, apenas seis das 20 maiores empreiteiras do Brasil em 2013 continuam nesse ranking 10 anos depois, o que demonstra o impacto da Lava Jato no setor.

Para Rodrigo Bertoccelli, o modelo de concessão diminui as chances de que haja relações promíscuas entre o poder público e o setor privado. Ele cita como exemplo a possibilidade das empresas receberem pela coleta de lixo diretamente dos usuários em vez de uma prefeitura, por exemplo.

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“Para ela receber aquilo que está no seu contrato, ele tem que ajudar o prefeito na sua campanha ou ter condutas não-republicanas. Quando ela passa o risco de inadimplemento para o usuário, consegue uma gestão financeira não dependente do poder público. No Brasil, fugir do poder público como pagador é uma boa estratégia”, explica o advogado.

Os especialistas também defenderam uma reforma administrativa do Estado brasileiro para diminuir entraves burocráticos na relação entre os governos e a iniciativa privada e criar um ambiente mais transparente e propício para a realização de negócios.

“Quanto mais burocracias e subterfúgios, mais oportunidades de desvios no relacionamento público-privado. Uma reforma para minimizar a burocracia nesse relacionamento é um incentivo à integridade, declarou Luiz Eduardo Almeida.

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