As mulheres já compõem a maior parte da população brasileira, são quase 52%, segundo o IBGE, mas não chegam a 15% do total de profissionais da segurança pública. E das que integram o efetivo, poucas são as que chegam a ocupar posições de comando em batalhões, delegacias e superintendências.
No último curso de formação do concurso de Delegado da Polícia Federal, as mulheres que ingressaram na carreira representam apenas 13,55% do total.
Recentemente, as delegadas passaram a ser nomeadas para os cargos de superintendentes estaduais, mas a Direção-Geral da PF e a maior Superintendência, São Paulo, nunca estiveram sob comando feminino.
É urgente aumentar a participação e reconhecer o excelente trabalho desempenhado pelas mulheres na segurança pública, assim como em todos os outros segmentos profissionais.
E é justamente com esse objetivo que nós, representantes das entidades de Polícia Judiciária de São Paulo (SINDPESP, SINDPF SP, ADPF-SP e ADPESP), lançaremos, durante a 2.ª edição do IACC - Fórum Nacional da Inteligência Aplicada para o Combate à Criminalidade, o Movimento Mulheres na Segurança Pública.
Nossa intenção é também discutir as medidas que podem ser adotadas para tornar a força policial mais atrativa para elas.
Um dos aspectos que contribui para que a participação feminina não seja maior é a falta de reconhecimento dos direitos das policiais grávidas, lactantes e mães de crianças, no tocante ao acionamento para o plantão, sobreaviso e missões fora de sua base.
É imprescindível, para proteção da infância, garantir que as mulheres que atuam nas polícias tenham esses direitos assegurados.
A epidemia de violência contra as mulheres que o Brasil vive reforça a necessidade de um olhar mais atento para o tema.
Durante o Fórum IACC, teremos painéis para debater o assunto e mostrar exemplos que podem mudar essa realidade assustadora. É preciso envolvimento de toda a sociedade.
Precisamos discutir o assunto e encontrar formas mais eficazes de prevenção e combate a esse mal que afeta milhares de famílias.
É preciso quebrar esse ciclo de violência e, assim, garantir uma sociedade mais justa para elas.
*Tania Prado, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal do Estado de São Paulo (SINDPF SP) e diretora regional da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) em São Paulo
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