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PF faz buscas em 22 endereços de financiadores do 8 de janeiro e STF bloqueia R$ 40 milhões

Na 11.ª etapa da Operação Lesa Pátria, agentes cumprem mandados de busca expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná

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Por Rayssa Motta e Pepita Ortega
Atualização:

A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quinta-feira, 11, mais uma fase da Operação Lesa Pátria. É a 11.ª etapa da investigação, que busca identificar todos os envolvidos nos atos golpistas na Praça dos Três Poderes.

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Os policiais fazem buscas em 22 endereços em três Estados – São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná. Entre os alvos nesta etapa há empresários, produtores rurais e pessoas com registro de Colecionadores, Atiradores e Caçadores (CACs).

Um deles é o empresário Adoilto Fernandes Coronel, de Maracaju (MS), que já havia sido apontado como financiador dos protestos golpistas pela Advocacia-Geral da União (AGU). O produtor rural Geraldo Cesar Killer, de Bauru (SP), também foi alvo de buscas.

Durante as diligências, os investigadores apreenderam valores em espécie e diversos armamentos, localizados na casa de diferentes alvos. A maioria deles estava em situação regular. No entanto, no caso de um dos investigados alvo de buscas no Paraná, foram encontradas duas armas irregulares, o que motivou sua prisão em flagrante por posse ilegal.

Ao todo foram apreendidos US$142 mil, R$ 48.850, oito veículos e 22 armas, além de diversos passaportes e celulares.

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Os mandados foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que é o relator das investigações sobre os protestos do dia 8 de janeiro.

Moraes também autorizou o bloqueio de bens e valores dos investigados até o limite de R$ 40 milhões. O objetivo é garantir o ressarcimento dos danos causados pelos atos de vandalismo.

Os investigados podem responder pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime e destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.

A Operação Lesa Pátria se tornou permanente. Novas fases têm sido abertas quase semanalmente. Em paralelo, o STF julga no plenário as denúncias contra vândalos que depredaram prédios públicos e pessoas que incitaram os atos golpistas. O tribunal caminha para colocar 800 acusados no banco dos réus.

Operação Lesa Pátria virou permanente; PF busca identificar todos os envolvidos nos atos de 8 de janeiro.  Foto: Wilton Junior

Relembre as fases da Operação Lesa Pátria

A primeira fase da Operação Lesa Pátria, no dia 20 de janeiro, prendeu cinco suspeitos de participação, incitação e financiamento nos atos golpistas. Entre eles ‘Ramiro dos Caminhoneiros’, Randolfo Antonio Dias, Renan Silva Sena e Soraia Baccio.

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Na segunda etapa da força-tarefa, policiais prenderam, em Uberlândia (MG), o extremista Antônio Cláudio Alves Ferreira, filmado destruindo um relógio histórico no Palácio do Planalto.

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A terceira fase da operação prendeu cinco pessoas, incluindo a idosa Maria de Fátima Mendonça, de 67 anos, que viralizou ao dizer em um vídeo que ia ‘pegar o Xandão’. O sobrinho do ex-presidente Jair Bolsonaro, conhecido como Léo Índio, foi alvo de buscas na mesma etapa.

No dia 3 de fevereiro, a PF abriu a quarta fase ostensiva da investigação e prendeu o empresário conhecido como Márcio Furacão, que se filmou ao participar da invasão ao Palácio do Planalto, e o sargento da Polícia Militar William Ferreira da Silva, conhecido como ‘Homem do Tempo’, que fez vídeos subindo a rampa do Congresso Nacional e dentro do STF.

A oitava etapa da ofensiva teve o maior número de mandados - ao todo, 32 investigados tiveram prisão decretada. A PF prendeu golpistas como a mulher responsável por pichar a estátua da Justiça em frente ao Supremo Tribunal Federal com a frase ‘perdeu, mané’ e o homem que teria levado uma bola autografada pelo jogador Neymar da Câmara dos Deputados.

A fase 9 prendeu preventivamente um major da Polícia Militar do Distrito Federal da reserva suspeito de incitar os atos golpistas e de administrar recursos que financiaram ações antidemocráticas. Claudio Mendes dos Santos teria ensinado táticas de guerrilha para os bolsonaristas acampados em frente ao QG do Exército, em Brasília.

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A etapa mais recente prendeu 13 pessoas. Entre os presos estão o tenente-coronel da reserva da Aeronáutica Euro Brasílico Vieira Magalhães; a professora Claudebir Beatriz da Silva Campos, suplente do PL na Assembleia Legislativa do Pará; e o empresário Leandro Muniz Ribeiro, que se candidatou a uma vaga na Assembleia Legislativa de Goiás pelo Democracia Cristã nas eleições 2022.

COM A PALAVRA, OS CITADOS

A reportagem do Estadão busca contato com Adoilto Fernandes Coronel. O blog fez contato no trabalho e na associação onde ele é secretário, sem sucesso. A reportagem também tenta localizar a defesa de Geraldo Cesar Killer. O espaço está aberto para manifestação (rayssa.motta@estadao.com e pepita.ortega@estadao.com).

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