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Procurador diz que Lula passou de estadista para corruptor

Maurício Gotardo Gerum, do Ministério Público Federal com atuação perante o Tribunal da Lava Jato, diz que situação política absurda levou a se dar atenção até mesmo para terraplanistas

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Por Paulo Roberto Netto/SÃO PAULO e Ricardo Brandt/PORTO ALEGRE
Atualização:

O procurador regional da República Maurício Gotardo Gerum afirmou em alegações iniciais que o 'desequilíbrio político' causado pela corrupção atribuída ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou o País chegar ao cúmulo de 'dar atenção a terraplanistas' e 'reverenciar ditadores e figuras abjetas de torturadores'.

O procurador regional da República, Maurício Gotardo Gerum, da força-tarefa da Lava Jato. Foto: Sylvio Sirangelo/TRF4

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Segundo o procurador, apesar de ter deixado a presidência 'extremamente popular' e considerado um dos 'maiores estadistas do século XXI' devido a pautas de direitos sociais, Lula teria 'se corrompido' durante o governo, o que levou ao 'desequilíbrio político' que se encontra o Brasil.

"O desequilíbrio político que permite que hoje se chegue ao cúmulo de se dar atenção a terraplanistas, ou, ainda pior, de se reverenciar ditadores e figuras abjetas de torturadores, tem muito a ver com o desvirtuamento de uma bandeira que, concorde-se com seus princípios ou não, tem uma importância fundamental no jogo democrático", afirmou Maurício Gotardo Gerum.

Gerum foi a primeira parte a se manifestar nesta quarta, 27, no julgamento do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) que avalia pedido de anulação da sentença contra Lula no processo do sítio de Atibaia - no qual o petista pegou, em primeira instância, 12 anos e onze meses de reclusão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

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Documento

FALA, GERUM

O relator do processo, desembargador João Pedro Gebran Neto, votou pela manutenção da decisão da juíza Gabriela Hardt, da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, contra o ex-presidente.

O procurador disse que há 'provas consistentes' contra o petista. Segundo ele, a defesa busca 'semear descrédito' contra o Judiciário e o Ministério Público para anular o caso.

"A insistência nos ataques ao Ministério Público e ao Judiciário se tornou uma cruzada, que de forma irresponsável semeia descrédito a essas instituições e ao próprio processo penal brasileiro", afirma Gerum. "Se há provas robustas e inequívocas da corrupção, então o processo não vale. E isso foi disseminado de forma profissional de forma a superar o conteúdo do processo pelo o que é dito dele".

O procurador detalhou a versão do Ministério Público sobre o caso do sítio de Atibaia, na qual Lula teria sido beneficiado por obras de mais de R$ 1 milhão desempenhadas pelo pecuarista José Carlos Bumlai e pelas empreiteiras OAS e Odebrecht. As reformas na propriedade rural do interior paulista seriam contrapartidas das empresas por benefícios concedidos por Lula durante sua gestão (2003-2010), por meio de contratos com a Petrobrás.

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A defesa alega que o imóvel pertence à família Bittar, que gentilmente teria permitido que a família do petista usufruísse do espaço. Lula sistematicamente nega que tenha sido beneficiado ou solicitado obras de reforma no sítio de Atibaia, e que apenas visitava o imóvel.

O ex-presidente Lula discursa em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo (SP). Foto: Werther Santana / Estadão

Mudança de lado. A declaração do procurador Maurício Gotardo Gerum é mais um passo em direção oposta ao inicialmente declarado nos autos do processo que pede a anulação da sentença do sítio de Atibaia.

Inicialmente, a Procuradoria votou pela anulação após decisão recente do Supremo Tribunal Federal determinar que réus delatados devem se manifestar nos autos depois dos delatores.

A defesa de Lula afirma que o petista teve que se manifestar no processo no mesmo prazo que seus acusadores, reduzindo o período de sua defesa.

Em parecer enviado no último dia 19, o Ministério Público Federal reviu sua posição e se manifestou, agora, pela manutenção da sentença contra o petista.

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No novo parecer, o procurador considerou o fato de a defesa de Lula não ter postulado a anulação com base na decisão do STF.

No documento, Gerum afirma que a defesa de Lula visa anular todo o processo penal como 'estratégia defensiva' para alongar a análise judicial do caso do sítio e assim garantir a prescrição do crime.

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