PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Opinião|Reforma tributária e seu impacto em fusões e aquisições

PUBLICIDADE

convidado
Por João Albanese

A dinâmica constante do ambiente empresarial, aliada à busca por eficiência e competitividade, destaca as fusões e aquisições (M&A) como estratégias-chave para as organizações. No contexto brasileiro, o cenário se torna ainda mais complexo com a iminente Reforma Tributária, que promete redefinir as bases fiscais do país.

PUBLICIDADE

Pautadas pela simplificação do sistema fiscal e a promoção da competitividade, as mudanças aprovadas trazem consigo implicações profundas no universo das fusões e aquisições. À medida que as discussões avançam, torna-se fundamental compreender como elas se entrelaçam com as estratégias de M&A.

É importante destacar que a Reforma Tributária tem como um dos seus pilares a busca por maior segurança jurídica. Uma legislação tributária mais clara e estável pode promover um ambiente propício para essas transações, facilitando a fase de due diligence. No entanto, empresas em processo de M&A precisam se preparar para evitar surpresas legais que possam surgir de interpretações equivocadas ou disputas tributárias.

Um dos primeiros impactos tangíveis das mudanças legais ocorre na avaliação de ativos e passivos. Alterações nas alíquotas, métodos de depreciação e amortização demandam uma revisão minuciosa durante a due diligence. A compreensão precisa desses fatores é crucial para evitar surpresas no processo de transação, influenciando diretamente o valor final.

Mudanças nas alíquotas de impostos diretos, como o Imposto de Renda e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e impostos indiretos, substituição do PIS, COFINS, ISS, ICMS e IPI pelo IBS, podem afetar diretamente a rentabilidade das empresas. Isso, por sua vez, terá um impacto na avaliação, pois a projeção de fluxo de caixa futuro será influenciada pelas novas condições tributárias.

Publicidade

Além disso, a Reforma Tributária pode introduzir alterações nas regras de depreciação e amortização de ativos. Essas mudanças afetariam a base de ativos da empresa e, consequentemente, influenciariam a avaliação do valor contábil.

A forma como os créditos fiscais são tratados, especialmente aqueles relacionados ao ICMS e outros tributos indiretos, pode ser redefinida pela Reforma Tributária. O tratamento desses créditos também impactaria diretamente o valor da empresa, pois eles representam ativos financeiros relevantes.

O impacto da Reforma Tributária não é homogêneo entre os setores e empresas. Algumas podem se beneficiar de incentivos fiscais, enquanto outras podem enfrentar aumentos na carga tributária. A análise dos riscos e oportunidades relacionados às mudanças tributárias é crucial para a avaliação precisa do valor da empresa.

Segmentos de serviços, por exemplo, podem ser mais afetados, dado que a principal despesa dessas empresas é a folha salarial, o que pode limitar os benefícios da reforma. No entanto, empresas inclusas em regimes especiais podem encontrar exceções favoráveis.

Dessa forma, a Reforma Tributária exige uma revisão aprofundada das estratégias de planejamento tributário adotadas por empresas envolvidas em fusões e aquisições. A capacidade de adaptar-se às novas regras, identificando oportunidades e desafios, torna-se um diferencial estratégico. A análise criteriosa dos benefícios fiscais oferecidos pelo novo cenário é essencial para otimizar a eficiência tributária das transações.

Publicidade

Dúvidas cruciais surgem ainda no contexto das transações de M&A. O tratamento do saldo de créditos fiscais, especialmente de ICMS, permanece uma incógnita, gerando debates entre compradores e vendedores. O aumento da alíquota do ITCMD é outro ponto de atenção, impactando diretamente as transmissões familiares e sucessórias.

PUBLICIDADE

Embora os impactos efetivos da reforma tributária só entrem em vigor em 2026, as transações de M&A em andamento já estão considerando esses reflexos. Empresários são aconselhados a entender os impactos específicos de suas indústrias e iniciar a preparação antecipada. Estratégias de negociação que levem em conta os diferentes cenários de carga tributária, projeção de fluxo de caixa e valorização de créditos fiscais são essenciais.

Empresas que conseguem navegar com sucesso por esse novo cenário não apenas mitigarão riscos, mas capitalizarão oportunidades para impulsionar seu crescimento e competitividade no mercado. A preparação antecipada e uma abordagem estratégica são, portanto, fundamentais para garantir o sucesso nas transações de M&A em um ambiente jurídico e tributário em constante evolução.

Convidado deste artigo

Foto do autor João Albanesi
João Albanesisaiba mais

João Albanesi
Sócio da Unio Partners
Conteúdo

As informações e opiniões formadas neste artigo são de responsabilidade única do autor.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.