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Boulos sela aliança com PMB, partido pelo qual Weintraub queria sair candidato em SP

Conhecido por sua orientação conservadora, sigla é contra a descriminalização da maconha e evita rótulo ideológico

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Foto do author Zeca  Ferreira
Atualização:

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, firmou uma aliança com o Partido da Mulher Brasileira (PMB), ampliando para sete o número de partidos que devem compor a coligação de sua candidatura nas eleições municipais de outubro. O acordo foi anunciado nesta quinta-feira, 23, em um hotel no bairro de Cerqueira César, na região central da capital paulista.

Suêd Haidar anuncia apoio do PMB a Guilherme Boulos na disputa pela Prefeitura de São Paulo Foto: Zeca Ferreira/Estadão

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Conhecido por sua orientação conservadora, o PMB é o partido do ex-ministro da Educação do governo Jair Bolsonaro (PL) Abraham Weintraub. O ex-ministro havia anunciado sua pré-candidatura à Prefeitura pelo PMB, mas não obteve o apoio da direção do partido. Em 2022, ele concorreu a uma vaga na Câmara dos Deputados pelo PMB, mas não foi eleito.

Ao Estadão, Weintraub disse que está aguardando a definição formal do partido, que só ocorrerá na convenção partidária, entre julho e agosto. “Por enquanto, estou aguardando a data. Caso não consiga ser o candidato pelo PMB, estou com todo o processo pronto para ser candidato independente (sem partido)”, afirmou. A candidatura avulsa, porém, não é permitida pela legislação eleitoral.

O anúncio da aliança contou com a participação da presidente nacional do PMB, Suêd Haidar, e de dirigentes dos demais partidos que vão formar a coligação liderada pelo PSOL. Além do PMB, a coligação inclui o PT, PDT, PV, PC do B e Rede.

Durante o evento, Suêd Haidar evitou classificar ideologicamente o PMB, afirmando que o partido atua em prol do “bem dos brasileiros”. “Se o partido é de centro-direita ou de centro-esquerda, isso não importa”, disse Haidar, esclarecendo que a sigla também não é feminista, embora lute pela ampliação do espaço da mulher na política.

A dirigente partidária também negou que o PMB tenha aceitado filiar o então presidente Jair Bolsonaro em 2019, quando ele deixou o PSL. Na época, foi noticiado que a sigla poderia abrigar Bolsonaro. Na última eleição geral, o PMB proibiu seus dirigentes e militantes de apoiarem o projeto de reeleição de Bolsonaro. Apesar disso, o partido ainda conta com aliados do ex-presidente em suas fileiras.

Em Curitiba, por exemplo, o partido lançou a jornalista Cristina Graeml como pré-candidata à prefeita. Graeml já afirmou que espera receber o apoio de Bolsonaro na disputa. Questionada sobre esse fato por jornalistas, Suêd Haidar explicou que é comum partidos formarem coligações diferentes conforme o Estado ou a região. “Não estamos tratando de uma candidatura majoritária nacional, mas sim de candidaturas diferenciadas em áreas específicas”, afirmou Haidar.

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Embora seja um partido pequeno, sem representação no Congresso ou tempo de televisão, o PMB é considerado um ganho para a candidatura de Boulos. A aliança demonstra que o candidato do PSOL está disposto a dialogar com partidos de outras matizes ideológicas. O PMB, por exemplo, se opõe à descriminalização da maconha e à ampliação do aborto legal.

“A importância de buscar diálogo com o diferente e construir uma composição política é crucial tanto para disputar uma eleição dialogando com toda a sociedade quanto para governar posteriormente. Isso é imprescindível”, afirmou Boulos no evento. “Ter o PMB conosco é uma soma importante para a frente que estamos construindo,” acrescentou, destacando que a aliança é coerente, pois é baseada na missão de derrotar o bolsonarismo na capital.

Com tudo encaminhado para receber o apoio de Jair Bolsonaro na eleição, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) deverá ser o principal adversário de Boulos. A coligação de Nunes contará com o apoio de pelo menos nove partidos: MDB, PL, Republicanos, PSD, União Brasil, PRB, Avante, Podemos e Solidariedade.

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