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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia, com Eduardo Gayer e Augusto Tenório

Centrão pede ‘naco’ do ministério de Haddad para selar reforma ministerial

Governistas esperam anúncio de mudanças na Esplanada até quinta-feira, quando o presidente Lula viaja para a Índia

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Por Eduardo Gayer
Atualização:

Depois de falhar na ofensiva sobre os ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social, blindados pelo presidente Lula, o Centrão transferiu os olhares para o Ministério da Fazenda e quer uma “lasquinha” da pasta. A mais recente proposta do PP apresentada ao governo para selar de uma vez por todas a reforma ministerial - que já se arrasta há dois meses - é nomear o deputado federal André Fufuca (PP-MA) para um Ministério do Esporte turbinado com a Secretaria Nacional de Prêmios e Apostas, ainda nem formalizada.

A princípio, essa secretaria seria criada no guarda-chuva da pasta do ministro Fernando Haddad, com potencial de arrecadar entre R$ 6 bilhões e R$ 12 bilhões por ano quando o mercado estiver totalmente regulamentado, segundo cálculos do setor de apostas divulgados pela equipe econômica. Quem pensou toda a regulamentação do setor foi o Ministério da Fazenda, que gostaria de ver a pasta no comando da secretaria, mas com pessoal próprio. O decreto que sacramenta a criação da estrutura já saiu do ministério da Fazenda e está com a Casa Civil, mas ainda não foi formalizado no Diário Oficial da União.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad.  Foto: Andre Borges/EFE

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No Palácio do Planalto, a hipótese de o Centrão ficar com a Secretaria de Apostas dentro do Ministério do Esporte é vista com reservas, já que Haddad tem a confiança absoluta de Lula e tem vencidos todas as batalhas internas no governo. Mas ninguém duvida que o presidente possa ceder para destravar a “novela” da reforma ministerial.

Se a ofensiva do Centrão for acertada desta vez, a atual ministra dos Esportes, Ana Moser, seria demitida, em mais uma diminuição na representatividade feminina na Esplanada. Governistas ouvidos pela Coluna esperam que a reforma ministerial seja anunciada até quinta-feira, quando Lula viaja para Nova Délhi, na Índia, onde participará das reuniões do G-20. A saída de Ana Moser levaria o governo a ter apenas 8 ministras, entre 37. Lula já substituiu Daniela Carneiro por Celso Sabino no Ministério do Turismo, a pedido do Centrão.

A Coluna já havia mostrado na sexta-feira que o PP do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), toparia assumir o Ministério do Esporte - desde que turbinado com emendas, orçamento e projetos de destaque. A Secretaria das Apostas, com potencial bilionário, é um desenho bem visto na sigla. Tem 65 cargos previstos e o Ministério do Esporte inteiro tem 121. Ou seja, seria um aumento de mais de 50% no efetivo, o que é realmente turbinar a pasta, para além de gerir o dinheiro obtido com a regulamentação das apostas.

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O cenário será discutido ainda nesta segunda-feira em uma reunião convocada por Lula com os ministros Rui Costa (Fazenda) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais).

Com o PP à frente do Ministério dos Esportes turbinado, o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) assumiria Portos e Aeroportos e o atual chefe da pasta, Márcio França (PSB), seria deslocado para o futuro Ministério da Micro e Pequena Empresa, o que o ex-governador paulista resiste,

Outra possibilidade é transferi-lo para Ciência e Tecnologia, pasta já ocupada no passado pelo seu partido, o PSB, o que ele aceita mais, e “empurrar” Luciana Santos para o ministério voltado ao empreendedorismo.

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