Deputados federais e distritais terão uma reunião no próximo dia 29 com o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, para tratar da compra de uma fatia relevante do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB), estatal, em um negócio estimado em R$ 2 bilhões. Investigada por diversos órgãos de controle, a operação anunciada no mês passado chamou a atenção do mercado pelo rápido crescimento do Master, além de alertas de operações do banco privado fora do padrão levados ao BC.
Participarão do encontro as deputadas federais Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS), e os deputados distritais Max Maciel (PSOL), Dayse Amarilio (PSB) e Fábio Felix (PSOL), que pediu que as colegas da Câmara Federal solicitassem a reunião. Felix acionou o Ministério Público de Contas do Distrito Federal, que abriu uma investigação sobre o caso.
Em entrevista ao Estadão, o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, afirmou que a operação foi técnica, sem ingerência política, e com a análise de carteiras e produtos do Master que representavam sinergia com os interesses do banco público. A transação ainda precisa do aval do BC e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

O Banco Master multiplicou por dez seu patrimônio e quintuplicou sua carteira de crédito desde 2021. Esse crescimento foi tracionado pela oferta de Certificados de Depósito Bancário (CDB) que pagam ao investidor taxas bem agressivas, muito acima dos concorrentes, de até 140% do CDI. No mercado financeiro, a instituição também é alvo de comentários por ter comprado participações de companhias em dificuldades financeiras.
O BC foi alertado sobre as operações fora do padrão feitas pelo banco Master e apertou as regras para frear um comportamento ousado na comparação com os concorrentes. Segundo dois banqueiros ouvidos sob reserva pelo Estadão, o órgão regulador foi provocado, ainda na gestão de Roberto Campos Neto (encerrada em dezembro passado), sobre a discrepância em relação às práticas tradicionais das instituições financeiras assumidas pelo Master.
Desde que a operação foi anunciada, no último dia 28, o Ministério Público de Contas do Distrito Federal abriu uma investigação e um estudo da Câmara Legislativa do Distrito Federal pediu “vigilância permanente” sobre o caso, como mostrou a Coluna do Estadão. Há ainda apurações no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, Ministério Público Federal e Tribunal de Contas da União.