Desconfiança de Lula com Forças Armadas expressa ‘covardia’ e não ‘pacifica o País’, diz Etchegoyen

General e ex-chefe do GSI afirmou que declaração recente do petista foi ‘ofensa’ à instituição

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Por Davi Medeiros
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Ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo Michel Temer, o general Sérgio Etchegoyen criticou a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que ele “perdeu a confiança” em parte das Forças Armadas. Para Etchegoyen, a fala do presidente demonstra “profunda covardia” e não contribui para pacificar o País.

“Passado o triste episódio do dia 8, o presidente Lula, comandante supremo das Forças Armadas, dá uma declaração clara à imprensa de que não confia nas Forças Armadas. Como é que se pacifica o País a partir daí? Como é que se pacificam as Forças Armadas, que são uma instituição de Estado com a qual os governos do PT conviveram por 16 anos?”, afirmou nesta terça-feira, 17, em entrevista ao programa gaúcho Pampa Debates.

“O presidente da República (...) sabe desde já que nenhum general vai convocar uma coletiva para responder à ofensa. Então isso é um ato de profunda covardia, porque ele sabe que ninguém vai responder. Ele sabe que ninguém vai contestar o que ele está dizendo. Ou seja, é a velha técnica de procurar culpados”, acrescentou.

General Etchegoyen chefiou o GSI no governo Michel Temer Foto: André Dusek/Estadão

No último dia 12, em um contexto de críticas sobre a atuação do Exército na invasão ao Palácio do Planalto, Lula admitiu que “perdeu a confiança” em parcela dos militares da ativa. “Eu perdi a confiança, simplesmente. Na hora que eu recuperar a confiança, eu volto à normalidade”, disse. Como mostrou o Estadão, pela primeira vez um presidente rejeitou ter militares fardados como ajudantes de ordens.

Em outra declaração, o chefe do Executivo afirmou que as Forças Armadas “não são poder moderador como pensam que são”. O petista disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro “poluiu” a instituição. “É como se tivesse dado um terremoto, mudou tudo de lugar. Bolsonaro mudou o comportamento de muita gente nesse País”, disse o presidente.

O general Etchegoyen chefiou o GSI durante o governo Temer, entre 2016 e 2019. O órgão é responsável direto pela segurança do presidente. Lula escolheu permanecer com a segurança da Polícia Federal por desconfiança com os militares lotados no GSI.

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Etchegoyen afirmou que nunca viu tamanho grau de radicalismo no País como atualmente. Ele relembrou os protestos violentos que ocorreram em Brasília em 2017, durante o governo Temer, contra as reformas da Previdência e trabalhista, e disse que aquele episódio não se compara com o que ocorreu neste ano.

“Eu não vivi nenhum momento no Exército parecido com isso que a gente está vivendo agora. Não vivi nenhum momento desse nem no governo Temer, com o que aconteceu, a violência na Praça dos Três Poderes, a invasão da Praça dos Três Poderes, eu nunca tinha visto esse grau de radicalismo e divisão da sociedade brasileira”, afirmou.