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Por Redação

Resenha dos acontecimentos político-eleitorais de 31/01 a 13/02/2022

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Ruben Cesar Keinert, Professor titular aposentado da FGV - EAESP

As últimas pesquisas do período, Genial/Quaest (dia 9) e Ipespe (dia 11), confirmam a liderança de Lula e Bolsonaro, a posição intermediária de Moro e Ciro e a baixa pontuação dos demais candidatos.

A cristalização dos números já produz desafios e significativos ensaios de mudanças de rumos das pré-candidaturas, no que foram pródigos os últimos 15 dias. No artigo passado, destacavam-se tramas e urdiduras. Agora, tem-se destramas em curso ou pretendidas. A destrama que mais claramente está em curso - e, assim, (des)apareceu na mídia - é a da pré-candidatura de Rodrigo Pacheco, pois o senador mineiro deixou de movimentar peças no tabuleiro do xadrez eleitoral, talvez esperando a já confirmada fusão DEM-PSL, o fio dourado da urdidura do novo tecido partidário.

Outra destrama em curso foi prato principal em jantar de altos próceres tucanos no dia 8, a da pré-candidatura João Dória. Setores dissidentes do PSDB aproveitam-se da escassa pontuação do atual governador paulista nas pesquisas (2-4%) para docemente constrangê-lo a pensar na reeleição ao seu cargo, que desde logo apareceria como favorito. Por um desses mistérios da política, Dória - que fez um governo exitoso no Estado de São Paulo, com equilíbrio fiscal, defesa da saúde e da ciência na pandemia e um conjunto de obras públicas que estão por inaugurar - não consegue alcançar expressão nacional. E nem se afirmar no próprio partido, pois o PSDB continua conflagrado com rachaduras em Minas Gerais (Aécio Nevas e seu grupo), no Ceará (Tasso Jereissati), no Rio Grande do Sul ("neutralidade" de Eduardo Leite) e em São Paulo (saída de Alckmin, insatisfação da "velha guarda"). E o presidente do partido, Bruno Araújo, PE, também não é lá muito afinado com o pré-candidato.

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Uma candidatura que ao mesmo tempo se trama e se destrama é a da senadora Simone Tebet, MDB. Vice dos sonhos de 7 entre 7 outros pré-candidatos, está sendo cultivada em finas ervas pela ala do ex-presidente Michel Temer, que a vê como trunfo para cogitar alianças ou compor federações e reposicionar o MDB como protagonista de peso na contenda de outubro. O partido aparece como coringa para formar bloco com o PSDB, com o União Brasil ou com o PSD. Ou com todos eles para formar uma superfederação.

A pré-candidatura de Alessandro Vieira, Cidadania, não se destrama e não se trama, mas continua no emaranhado de fios soltos em volta do tear das campanhas. Apesar da atuação destacada do senador na CPI da Covid, o projeto não entusiasma nem Roberto Freire, o presidente do partido do pretendente.

A pré-candidatura de Luiz Felipe D'Avila parece mais compreensível, como a de alguém que está lançando o seu nome para futuras cogitações políticas. Mesma coisa com André Janones, saudado por alguns setores como uma boa novidade e que é a figura de proa na montagem de uma federação entre Avante, PSC e Patriota. Com um discurso de lançamento voltado para o combate à desigualdade, talvez saia dessa união um populismo nacional-cristão ou algo assim.

Essas são as pré-candidaturas com baixa performance vivendo seus pequenos dramas ou fazendo suas apresentações ao respeitável público.

No bloco do meio, despontam Moro e Ciro, igualmente enfrentando possibilidades de destramas. Moro, Podemos, continua com rejeição muito alta e a revelação de seus invejáveis ganhos na consultoria americana, que tem como principais clientes as empresas que se complicaram por conta das investigações da Lava Jato, "comandadas" por ele, certamente contribui para manter os índices contrários. A expressão "comandada" foi usada por ele em um impagável lapso. Sua principal opção é candidatar-se a deputado federal e puxar uma boa bancada para o Podemos, partido que está fora das possíveis federações.

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A mesma coisa se passa com a pré-candidatura de Ciro Gomes, PDT. Boa parcela da bancada federal do partido almeja fazer parte da federação capitaneada pelo PT para garantir a reeleição e sobrevivência da legenda. Para tanto, preferem sacrificar Ciro.

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Diferentemente dessas destramas que são plausíveis, ainda que em vários casos pretendidas e não planejadas pelos interessados, apareceu no período uma cogitação pouco plausível, porém, que apresenta alguma pertinência como plano B para Jair Bolsonaro, caso se torne patente a derrota eleitoral. Circulou em duas versões: uma, em que o senador Flávio "01" teria pedido ao Diretório do PL no RJ para não fechar a nominata de candidatos a deputado federal, guardando uma vaga supostamente para o filho "02". À boca pequena, no entanto, fala-se que poderia ser para o próprio Jair e já teria havido consultas a juristas e mesmo ministros do STF sobre a andamento dos processos de investigação e o risco que ele correria ao se desincompatibilizar para concorrer a outro cargo. Essa parte das consultas a juristas corre como outra versão da destrama da pré-candidatura. Em caso de risco alto ao deixar de ter foro privilegiado, haveria de se pensar em um plano C.

Seria extravagante cogitar destrama na pré-candidatura de Lula da Silva, que vem liderando todas as pesquisas e vai cada vez mais se beneficiando deste quadro de possíveis desistências. Pelo contrário, Lula continua tramando bem, condescendendo aqui e se afirmando ali na formação da grande federação que está no forno, PT-PSB-PCdoB-PV, garantindo Alckmin na vice, atraindo o combativo e preparado senador Randolfe Rodrigues, Rede, para fazer parte do seu comitê de campanha, conversando com o PSD e com o PSDB, procurando o agronegócio e a Faria Lima.

Em um lance arriscado e, ao mesmo tempo, afirmativo em termos de programa, Lula revelou a intenção de rever alguns pilares da política econômica neoliberal: reforma trabalhista, teto de gastos e privatizações. Causou urticárias na mídia e deu flanco para críticas de setores que pretende conquistar. Veremos adiante os desdobramentos desse lance que, sem dúvida, abriu o debate sobre rumos do seu governo.

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