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Lula diz que lista tríplice não é mais critério para PGR e Cristiano Zanin tem mérito para Supremo

Presidente defendeu indicação pessoal ao cargo que hoje é ocupado por Augusto Aras e alegou que seu advogado teria capacidade de assumir vaga no STF

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Por Redação
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou escolher o próximo Procurador-Geral da República (PGR) com base em uma lista tríplice elaborada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Segundo o chefe do Executivo, a escolha será pessoal. Sobre os dois nomes que poderá indicar ao Supremo Tribunal Federal (STF), o petista defendeu que uma possível escolha de seu advogado Cristiano Zanin Martins ao cargo seria merecida.

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“Só espero escolher um cidadão que seja decente, digno, de muito caráter e respeitado. Não penso mais em lista tríplice da PGR; não é mais o critério. Vou ser mais criterioso”, afirmou em entrevista à Rádio BandNews FM, gravada nesta quinta-feira, 2.

O mandato do atual PGR, Augusto Aras, termina em setembro. Quando foi escolhido por Jair Bolsonaro, ele não estava na lista da ANPR e foi alvo de críticas de aliados do ex-presidente, que defendiam um nome alinhado com a operação Lava Jato. Bolsonaro chegou a dizer à época que acreditava que tinha feito um “bom casamento” com a escolha de Aras.

Nos dois primeiros mandatos de Lula, os escolhidos pelo petista foram Cláudio Fonteles, Antonio Fernando e Roberto Gurgel (todos indicados na lista tríplice feita pelos membros do Ministério Público). A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) seguiu o mesmo critério com a escolha de Rodrigo Janot. Já Michel Temer (MDB) optou pela segunda da lista tríplice, Raquel Dodge.

A indicação é prerrogativa do presidente da República e não precisa seguir a lista de nomes oferecidos pela ANPR. Uma das atribuições do PGR é investigar e denunciar políticos com foro especial, incluindo o presidente.

“Quando eu vim para a Presidência, eu trouxe a experiência do sindicato. Então tudo para mim era lista tríplice. Já está provado que nem sempre lista tríplice resolve o problema”, completou.

Cristiano Zanin, advogado de Lula Foto: Nilton Fukuda/Estadão

STF

Lula também afirmou que levará em conta o caráter da pessoa e seu notório saber jurídico para a indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF). Caberá a Lula indicar em maio o substituto do ministro Ricardo Lewandowski, que será aposentado compulsoriamente por completar 75 anos.

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“Não quero escolher um juiz para mim, o juiz é para nação”, declarou o presidente na entrevista. “Nunca pedi nenhum favor a nenhum ministro, não foi indicado para me fazer favor, para me proteger. (Os ministros) Foram indicados para cumprir a Constituição e garantir o processo democrático deste país.”

As respostas ocorrem em meio à especulação de que o seu advogado, Cristiano Zanin, seja indicado à vaga aberta na Corte Suprema. De acordo com Lula, contudo, se ele indicasse Zanin hoje ao STF, “todo mundo compreenderia que ele merecia”.

Zanin defendeu Lula durante o processo que o petista respondeu no âmbito da Operação Lava Jato e se tornou o principal porta-voz do então ex-presidente enquanto ele esteve preso em Curitiba. Autor de um livro sobre lawfare, termo inglês usado para classificar o uso do sistema de Justiça para perseguição política, ele foi o responsável por obter a vitória mais significativa para Lula, quando o Supremo declarou a parcialidade do ex-juiz Sérgio Moro.

A atuação na Operação Lava Jato e a derrubada das decisões de Sérgio Moro, segundo relatos, credenciaram o advogado ao círculo mais restrito do presidente. Antes do processo, Zanin havia convivido com Lula apenas em festas familiares.

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Durante as eleições, Zanin ainda atuou como coordenador jurídico da campanha de Lula e articulou o encontro do petista com o economista e professor da Universidade de Columbia Jeffrey Sachs. Assim que as eleições terminaram, Zanin foi nomeado na transição como o responsável pela elaboração de um relatório sobre a área de Cooperação Jurídica Internacional.

Ainda no fim de 2022, Lula chegou a perguntar a Zanin se gostaria de integrar o governo. Ao declinar a proposta, o advogado disse ao petista que permaneceria sempre atuando no Sistema de Justiça - o que pode envolver desde a continuidade na advocacia ou mesmo a ida para uma vaga em tribunal.

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