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Alvaro Dias decide disputar o Senado contra ex-aliado Moro no Paraná

União Brasil, do ex-juiz, fez proposta para que senador fosse candidato ao governo do Estado; Dias e o ex-ministro da Justiça estão tecnicamente empatados na pesquisa eleitoral mais recente

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Por Manoela Bonaldo e Ederson Hising
Atualização:

CURITIBA - O senador pelo Paraná e candidato à reeleição Alvaro Dias (Podemos) recusou oferta do União Brasil para que disputasse o governo do Estado em aliança com o ex-juiz Sérgio Moro (União), também candidato ao Senado.

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A decisão do senador veio após ele costurar aliança com a a executiva nacional da federação PSDB/Cidadania. O acordo desagradou integrantes dos partidos federados no Estado.

“O Podemos compreendeu bem a nossa posição. A própria bancada do Senado e a executiva nacional do Podemos sempre priorizaram a minha candidatura ao Senado. Eu agradeci ao partido (pelo convite para disputar a presidência) e os apelos de partidos e pessoas para concorrer ao governo, mas o meu foco sempre foi o Senado”, afirmou Dias.

Dias aparece em segundo lugar nas pesquisas eleitorais mais recentes sobre a disputa da vaga, logo atrás de Moro. Conforme levantamento da Real Time Big Data divulgado no dia 21 de julho, Dias tem 26% das intenções de voto e Moro, primeiro colocado, com 31%. Com a margem de erro, eles são considerados tecnicamente empatados.

Mesmo em segundo lugar nas pesquisas para vaga no Senado pelo Paraná, Alvaro Dias recusou aliança com Sérgio Moro, do União Brasil, primeiro colocado. Foto: Nilton Fukuda/Estadão

A convenção estadual do Podemos no Paraná será realizada na sexta-feira, 5, às 18h, em Curitiba. O senador adiou o encontro do partido na tentativa obter apoios à candidatura ao Senado, principalmente depois de não conseguir ser o candidato do governador Ratinho Junior (PSD), que apoiará o deputado federal Paulo Martins (PL).

Dias prometia fazer o anúncio apenas na convenção. Ele ainda tenta mais alianças visando ter mais tempo de propaganda eleitoral na televisão. Aliados ao senador apontam que o PSB e o Solidariedade podem fechar acordo para apoiar a reeleição de Dias. “(A candidatura ao Senado) faz parte do compromisso que assumi de contribuir com a construção nacional do partido”, disse o senador.

Antes de o ex-juiz lançar sua pré-candidatura ao Senado, no dia 12 de julho, era Dias quem liderava as pesquisas. “Tive vários convites, inclusive do União Brasil para disputar o governo”, disse Dias. “Respeito Moro tanto quanto os outros concorrentes, são todos importantes”, afirmou.

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Moro lançou a candidatura ao Senado em seu Estado natal, o Paraná, após ter domicílio eleitoral negado em São Paulo. Sua mulher, a advogada Rosângela Wolff Moro (União), deve se candidatar a deputada federal por São Paulo. Segundo Moro, ela estaria “pronta para representá-lo”.

O apoio da federação PSDB/Cidadania envolveu a disputa pelo governo de São Paulo, onde o Podemos apoiará a candidatura de Rodrigo Garcia (PSDB). O acordo desagradou integrantes dos partidos da federação no Paraná, em especial César Silvestri Filho (PSDB), que era pré-candidato ao Senado.

“Foi uma decisão de cima para baixo. Alvaro esperneou em busca de tempo de TV e acabou com o Podemos condicionando a aliança com Rodrigo Garcia a essa questão do Senado. É a política do Paraná servindo de moeda de troca aos interesses de São Paulo”, avaliou. “A verdade é que fica claro que a relação do Alvaro é utilitarista para preservar os interesses dele”, criticou Silvestri Filho.

Para o presidente estadual do Cidadania, o deputado federal Rubens Bueno, a decisão nacional da federação interferiu na negociação estadual, que havia tirado Silvestri da disputa ao governo para que fosse apoiado ao Senado. “Não fomos consultados e vamos avaliar política e juridicamente com o diretório na semana que vem”, explicou.

Disputa envolve ex-aliados

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A entrada de Moro na política teve o apadrinhamento de Dias, apoiador da Lava Jato, operação que deu visibilidade ao ex-juiz federal. Em poucos meses, a relação foi do céu ao inferno. Após se filiar ao Podemos em novembro do ano passado, Moro foi para o União Brasil, em março deste ano.

O episódio estremeceu a relação entre os dois. Dias, inclusive, afirmava que caso a tentativa de Moro de ser candidato à Presidência não desse certo, ele abriria mão da vaga ao Senado para o ex-juiz. Em junho, o racha se intensificou após Moro ter domicílio eleitoral em São Paulo negado pela Justiça Eleitoral. Isso levou o ex-ministro a disputar a eleição pelo Paraná.

Moro refuta que Dias tenha sido seu padrinho político. Aliados dos agora adversários indicam que não houve briga entre eles, mas que o diálogo está rompido. Publicamente, ambos adotam discurso de fazer uma disputa sem ataques.

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