MP denuncia deputado bolsonarista por violência política de gênero

Em discurso na Alerj, Rodrigo Amorim se referiu a vereadora Benny Briolly como ‘aberração’

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Por Rayanderson Guerra

RIO – O Ministério Público Eleitoral (MPE) do Rio de Janeiro denunciou o deputado estadual Rodrigo Amorim (PTB-RJ) pelo crime de violência política de gênero contra a vereadora Benny Briolly (PSOL), de Niterói. De acordo com a Procuradoria Regional Eleitoral, Amorim “assediou, constrangeu e humilhou” Benny por sua “condição de mulher trans” em discurso no plenário da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Amorim pode ser condenado entre 1 e 4 anos de prisão e multa e ficar inelegível por oito anos.

Em maio, Amorim usou seu tempo de discurso no plenário da Alerj para se referir a Benny como “aberração LGBTQYZH”. O deputado afirmou ainda que a vereadora era homem pois nasceu “com pênis e testículo”.

A vereadora negra e trans de Niterói Benny Briolly (PSOL) registrou boletim de ocorrência no dia 20 de maio na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) por transfobia e racismo contra o deputado estadual Rodrigo Amorim (PTB). Foto: Reprodução/Twitter Benny Briolly

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“Ela faz referência a um vereador homem, pois nasceu com pênis e testículos. Digo e repito: o vereador homem de Niterói parece um ‘boi zebu’ porque é uma aberração da natureza. E aqui não é esse projeto horripilante e destrutivo. Tem lá em Niterói um ‘boi zebu’, que é uma aberração da natureza, aquele ser que está ali, um vereador, homem pois nasceu com pênis e testículos, portanto, é homem”, esses soldados do mal, fedendo a enxofre que são, o vereador homem de Niterói parece um belzebu, porque é uma aberração da natureza”, disse.

Na denúncia, protocolada na noite de sexta-feira, 1º, os procuradores regionais eleitorais Neide Cardoso de Oliveira e José Augusto Vagos citam que o discurso teve transmissão ao vivo pela TV Alerj, e retransmissão em diversas mídias, “alcançando grande repercussão”. Segundo eles, a imunidade parlamentar de Amorim “não alcança as condutas imputadas”.

“A imunidade material parlamentar por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos proferidos no recinto da Casa Legislativa não alcança as condutas imputadas. Admitindo-se que o deputado ou qualquer parlamentar possa assediar, constranger, humilhar e subjugar outra parlamentar mulher e impedi-la de exercer seu mandato, agredindo-a de forma aviltante, invalida-se a norma penal e o crime de violência política de gênero”, diz o MP.

O deputado estadual no Rio Rodrigo Amorim (PTB-RJ) quebrou uma placa de homenagem a Marielle Franco. Na foto, Amorim é acompanhado pelo o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ). Foto: Instagram/Reprodução Foto: Instagram/Reprodução

Rodrigo Amorim ficou conhecido por ter quebrado uma placa com o nome de Marielle Franco um ano após seu assassinato e depois ter emoldurado parte da placa em seu gabinete na Alerj. Procurado pelo Estadão, Amorim ainda não se pronunciou.

Na avaliação do MP Eleitoral, a divulgação por meios de comunicação conferiu uma amplitude imensa às ofensas e humilhações proferidas, causando grave dano político à vítima em relação a sua imagem frente ao seu eleitorado e demais eleitores.

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