PUBLICIDADE

Análise: Plano é detalhado, mas não tem metas regionalizadas

Proposta inova ao integrar às metas os objetivos do desenvolvimento sustentável da ONU, mas peca em não prever orçamento para execução

PUBLICIDADE

Por Jorge Abrahao
Atualização:
Plano deve apontar caminhos para reduzir desigualdades Foto: HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO

É desejável que o Plano de Metas contenha uma ambição capaz de contagiar os diferentes segmentos da sociedade. É a prefeitura, com sua mirada ampla do conjunto da cidade, que tem a capacidade de definir o que é prioridade para efetivamente melhorar a qualidade de vida na cidade. São Paulo tem a marca da desigualdade: a expectativa de vida em Alto de Pinheiros é de 80 anos e na Cidade Tiradentes, de 55 anos: diferença de 25 anos em uma mesma cidade. Em síntese, a combinação da falta de saneamento, com a precariedade dos serviços de saúde, educação e segurança pública na periferia da cidade, subtraem de seus moradores 25 anos de vida. Dados de causar indignação. 

PUBLICIDADE

O Plano deve apontar caminhos para desafios desse calibre. Nesta quinta, o prefeito João Doria entregou na Camara Municipal seu Plano de Metas para 2017-2020 contendo 50 metas dívidas em cinco eixos. 

O Plano apresenta um bom nível técnico ao detalhar eixos, metas, projetos e linhas de ação. E inova, ao integrar às metas os objetivos do desenvolvimento sustentável da ONU.

Peca ao não regionalizar as metas, não prever o orçamento para sua execução e ser tímido na ampliação dos equipamentos, sobretudo nos distritos mais carentes, o que traz incertezas quanto a sua capacidade de reduzir as desigualdades na cidade.

Agora, inaugura-se uma nova e importante fase do processo: a da participação da sociedade. A agenda de audiência públicas proposta pela prefeitura concentra 32 audiências em um mesmo dia, o que mais restringe do que estimula a participação da sociedade. No momento que vivemos no País, de crise de representatividade e distanciamento dos políticos da sociedade, não deveríamos desperdiçar a riqueza do processo de participação e facilitar sua aproximação.

Neste sentido, seria desejável que a Prefeitura revisse o calendário de audiências, espalhando-as em mais dias, o que valorizará o processo de construção coletiva do plano conferindo-lhe mais legitimidade. 

* É coordenador geral da Rede Nossa São Paulo e do Programa Cidades Sustentáveis 

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.