Inspirado nos antigos clubes de jazz americanos, o grupo Afrojam-SP reúne músicos pretos independentes para tocar diversos estilos musicais, valorizando a linguagem instrumental. A próxima apresentação será uma homenagem ao cantor Djavan no domingo, 26, na Casa Natura Musical, na zona oeste de São Paulo.
A cada edição, um novo artista apresenta um pocket show autoral, seguido por uma Jam Session, uma sessão de improviso, sem ensaio prévio. Domingo, a cantora Izzy Gordon e o multi-instrumentista Melvin Santhana vão subir ao palco.
A homenagem à carreira e à obra de Djavan, um dos maiores nomes da MPB, percorre vários gêneros. “Não é só jazz. Temos forró, pagode, passamos por vários gêneros musicais. O importante é a linguagem instrumental”, prevê Hever Alvz, compositor, produtor e um dos idealizadores da Afrojam-SP.
É essa uma das bandeiras do coletivo: permitir que artistas negros transitem por outras cenas musicais. “Alguns lugares já estão previamente definidos para os negros, como o rap e o trap. O pagode, como um ritmo da periferia, também já está definido. São lugares marcados. Outros ritmos ainda têm bastante dificuldade para a entrada de músicos negros.”
Por isso, a Afrojam-SP vai além da experimentação e da apresentação de novos nomes da cena musical independente e se firmou, ao longo dos últimos cinco anos, como um espaço de representatividade preta sob a insígnia “celebração e protagonismo: das tradições ao afrofuturismo”. “As apresentações são celebrações do protagonismo negro. Falamos de resgate, herança, de coisas que nossos ancestrais faziam naturalmente. É um grito de urgência. A jam é um posicionamento político”.
O cantor, compositor e multi-instrumentista Melvin Santhana, um dos convidados da noite, lembra a conexão da Afrojam-SP com outras tradições brasileiras. “O improviso que eles trazem dos clubes de Nova Orleans já estava aqui também. A roda de samba da periferia é a jam session brasileira”, diz o artista que explora diversos circuitos e estilos da musicalidade negra há duas décadas.
Seu primeiro álbum solo, “Abre Alas”, combina elementos de R&B, samba, afro-beat, hip hop e rock progressivo.
Santhana também destaca a importância do homenageado. “Djavan é um guia para mim. Ele é a referência de instrumentista para a periferia, como o João Gilberto foi para a elite”, explica. “A minha ideia nessa noite é chegar sem contar para a banda qual música vou tocar. Chego, começo a tocar eles acompanham”.
Para a cantora Izzy Gordon, sobrinha de Dolores Duran, o show será um momento de acolhimento. “A Afrojam é especial, é lugar de segurança, um encontro com muitos talentos. É renovação, apropriação, elevação de autoestima. É como os bailes da Chic Show que eu frequentava e não tinha medo, me sentia em casa. Cantar Djavan com a Afrojam faz todo sentido do mundo”, diz.
Em 2011, Izzy lançou Negro Azul da Noite, projeto baseado na obra de compositores negros. Pra vida inteira é o trabalho mais recente de Izzy, lançado em 2018.
* Este conteúdo foi produzido em parceria com a Afrojam-SP, grupo que reúne desde 2019 artistas e músicos pretos independentes para promover a representatividade negra na música.
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Show: Afrojam-SP
Convidados: Izzy Gordon e Melvin Santhana | Especial Djavan
Data 26 de maio, domingo, 19h30 | Abertura da Casa: 18h
Local: Casa Natura Musical
Endereço: Rua Artur de Azevedo, 2134, Pinheiros, São Paulo
Ingressos: à venda pelo site da Sympla
Valores: R$20 a R$ 80
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 90 minutos