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Quatro morrem durante tempestade de poeira no interior de São Paulo

Em menos de uma semana, é a segunda vez que interior paulista sofre com fenômeno do tipo; ao menos 12 cidades registram falta de luz, telefonia e internet

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Foto do author José Maria Tomazela

SOROCABA - Ao menos quatro pessoas morreram e seis ficaram feridas durante as tempestades de poeira que atingiram o interior de São Paulo na sexta-feira, 1º. Um homem morreu em Tupã, após ser atingido por um muro que caiu com a força do vento. Outras três pessoas morreram ao serem envolvidas pela nuvem de fumaça e fogo que se levantou quando o temporal atingiu um pasto em chamas, em Santo Antônio do Aracanguá, perto de Araçatuba. 

A segunda tempestade de poeira em uma semana – o fenômeno já havia castigado o interior no último domingo, 26 – deixou também cidades paulistas sem energia e em estado de emergência. Em Tupã, a tempestade de poeira chegou com rajadas de vento que derrubaram um muro de uma obra no bairro Reserva Tupã. O trabalhador Fábio Alex Marques Castro, de 42 anos, foi atingido pelos escombros. Levado com ferimentos graves para a Santa Casa da cidade, ele não resistiu. Seu corpo foi velado neste sábado, 2, e sepultado no Cemitério da Saudade.

Tempestades de poeira voltaram a encobrir cidades do País nos últimos dias Foto: Reprodução/MetSul Meteorologia

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Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as rajadas que levantaram nuvens densas de poeira em várias regiões do interior atingiram mais de 80 quilômetros por hora. A tempestade de areia, conhecida como "haboob", é causada por temporais de chuva com ventos fortes que, ao entrarem em contato com o solo muito seco, encontram resquícios de queimada, poeira e vegetação. Isso acaba criando um "rolo compressor" de sujeira que pode chegar a até 10 quilômetros de altura.

Em Santo Antônio de Aracanguá, funcionários de uma usina e de uma fazenda usavam tratores e caminhões-pipa no combate a uma grande queimada quando uma forte ventania atingiu a propriedade, levantando uma nuvem de poeira, fumaça e fogo. Parte das equipes não teve tempo de se abrigar e foi envolvida pela tempestade. Três pessoas – dois funcionários de uma usina e um dos proprietários da fazenda – morreram.

Outras cinco tiveram ferimentos,  queimaduras ou passaram mal por causa da fumaça, sendo levadas para hospitais da região. Além deles, uma mulher ficou ferida após ser atingida pela queda parcial de um telhado, no sábado, em Dracena.

Conforme o diretor de obras da prefeitura de Santo Antônio, Genival Francisco Moreira, o fogo na fazenda estava quase controlado quando a ventania forte avivou as chamas e levantou a nuvem. Ele contou à Polícia Civil que as pessoas ficaram perdidas dentro da fuligem em chamas e da poeira. Uma das vítimas estava em um trator que foi carbonizado. Cerca de 20 bois da fazenda também morreram queimados ou asfixiados pela fumaça. 

Um homem também desapareceu nas águas do Rio Paraná, em Presidente Epitácio, depois que a embarcação em que ele estava virou durante a tempestade. Em outro ponto do rio, a Marinha resgatou com vida outro homem que havia desaparecido. A nuvem de poeira empurrada pelo vento virou dezenas de barcos no Paraná, mas os demais ocupantes se salvaram.

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Vento deixa desabrigados, estraga escolas e aeroporto

Os temporais com ventos fortes levaram à interdição de quatro casas pela Defesa Civil de Presidente Prudente. No total, mais de 50 imóveis foram danificados e há 22 desalojados ou desabrigados. Aulas também foram canceladas amanhã após estragos em escolas e áreas do aeroporto local estão bloqueadas. Segundo a prefeitura, o vento superou 100 km/h. 

Até o início da tarde deste sábado, 12 cidades da região estavam com abastecimento de água prejudicado por causa da falta de energia, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Redes de comunicação por internet e telefonia também estavam fora do ar.       

A prefeitura de Osvaldo Cruz decretou situação de emergência em decorrência dos estragos. “O município, tanto nas zonas urbana como rural, foi duramente castigado pelo fortíssimo vendaval em situação de anormalidade, culminando com a falta de energia elétrica e abastecimento de água, sem previsão de restabelecimento”, informa o decreto./COLABOROU MARIANA HALLAL

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