São Bento do Sapucaí além da Pedra do Baú: conheça rota do azeite e do vinho

Na Serra da Mantiqueira, cidade de SP promete ser um pedaço da Toscana no Brasil; cenário de montanha com cultivo de oliveiras oferece bom passeio para fim de semana e feriado

PUBLICIDADE

Foto do author Ana Lourenço
Por Ana Lourenço
Atualização:

Normalmente destinos na montanha são destinos clássicos para o inverno. Mas, com a intensidade de calor dos últimos dias, também podem ser boa opção para que passeios ao ar livre sejam aproveitados com prazer.

PUBLICIDADE

É assim em São Bento do Sapucaí, a 185 km da capital paulista. Por ali, as belezas de São Paulo e Minas Gerais se misturam entre montanhas, serras e araucárias e criam o refúgio perfeito para apreciar a natureza.

Um dos pontos mais conhecidos da cidade, aliás, é a Pedra do Baú, que recebe diariamente visitantes prontos para subir até o topo e apreciar a vista incrível da Serra da Mantiqueira em uma altitude de 1.950 metros.

A Pedra, na verdade, fica em uma unidade de preservação: o Monumento Natural Pedra do Baú, com 3.154 hectares, e mais dois pontos de visitação, além da principal: Bauzinho e Ana Chata. Ali, além das trilhas e escaladas, os turistas podem aproveitar um passeio de voo livre, observação de aves e rapel.

A caminhada até o topo da Pedra do Baú dura cerca de 3 horas (sendo 5 horas a duração total). O percurso tem dificuldade alta, com muita subida. Ela começa com uma trilha até o topo da base e é continuada pelos 600 degraus da “via ferrada”, degraus de ferro presos na rocha que facilitam a subida do caminhante até o cume. Ao todo são 4 km de atividade (ida e volta).

Pela intensidade, ela não é recomendada para pessoas sedentárias, assim como a trilha da Pedra Ana Chata. Com o tempo estimado de duas horas (somente ida), ela também utiliza a via ferrata, mas tem um pouco menos de extensão - ida e volta totalizam 3,8 km -, além de ter parte do trecho dentro de uma caverna.

Para ambas, não é obrigatória a presença de guias, mas sim a do equipamento de segurança (cadeirinha, fitas de segurança, mosquetões conectores e capacete) e o agendamento. Pela facilidade, muitos já preferem o passeio com agências especializadas ou optar pela trilha mais fácil: a do Bauzinho.

Publicidade

Pedra do Baú é um dos pontos turísticos mais famosos da cidade  Foto: FELIPE IRUATA

Conhecida por ser a mais fácil, com pouco desnível e extensão de 470 metros, a trilha do Bauzinho é a melhor opção para quem tem pouca experiência e tempo curto. O passeio demora cerca de uma hora e não precisa de agendamento, diferente dos outros dois.

Independentemente da escolha, há uma taxa de R$ 18 por pessoa para Conservação Ambiental (idosos acima de 60 anos, crianças de até 12 e moradores do município estão isentos) que deve ser paga somente no dinheiro ou no Pix (não aceitam cartões).

Como é uma área natural, é importante que a pessoa se responsabilize pela sua segurança - seja com a mudança do clima, seja com o encontro de animais peçonhentos - e ir com roupas adequadas. É importante levar água e um pouco de comida.

Na portaria, existe uma estrutura com banheiros e lanchonete, caso o visitante tenha esquecido algum item. Caso se sinta mais confortável em fazer o passeio com um guia, Baú Ecoturismo, Rotas e Rochas Turismo e Agência Montanhismus são boas opções.

‘Toscana Brasileira’

PUBLICIDADE

Há quem diga por aqui que o lugar é um pedacinho da Itália no Brasil por oferecer num mesmo lugar queijos, vinhos, azeite e cervejas - de ótima qualidade, alguns até premiados internacionalmente. Além disso, a região é conhecida por suas paisagens e acolhedora hospedagem - o que reforça a comparação com a região europeia.

Na Oliq, por exemplo, são mais de 10 mil pés de oliveiras, de vários tipos, para produzirem os melhores azeites da região. “A oliveira é uma árvore que não se autopoliniza. O que realmente vai ajudá-la a produzir bem será uma outra variedade de oliveira cruzar junto”, afirma o guia turístico da Oliq, João Vitor Moreira.

João Vitor Moreira, guia da OLIQ, mostra oliveiras e azeitonas que são produzidas na empresa para produção de azeites Foto: FELIPE IRUATA

Durante o tour, o visitante pode conhecer as plantações e tirar fotos das azeitonas ainda no pé, mas pelo azeite ser muito delicado de ser feito, dificilmente existirá um olival que permite uma colheita dos frutos. Afinal, qualquer toque com a terra ou escolha errada do processo de maturação da azeitona pode comprometer o líquido.

Publicidade

Pelo valor de R$ 59 por pessoa, o visitante garante a visitação às plantações e aos maquinários. Também terá direito à degustação de nove tipos de azeites, incluindo dois de abacate (ideia que surgiu para a produção nas entressafras).

Na degustação, são oferecidos três copinhos de azeites puros e depois, pães, bolos e frutas misturados com o líquido. “A gente ensina a pessoa a identificar um azeite bom para só depois apresentar o produto”, resume Moreira. Um dos produtos, inclusive, é um sorvete de azeite e manjericão, super refrescante e que faz parte do cardápio do restaurante da Oliq.

A história do cultivo de oliveiras na região da Mantiqueira começou nos anos 1930, mas logo se extinguiu por conta das limitações tecnológicas e a crença de que o cultivo era impróprio sob as condições climáticas do País. Mas Cristina Gonçalves Vicentin, uma das criadoras da Oliq ao lado do casal Vera Masagão Ribeiro e Antônio Gomes Batista, decidiu tentar mesmo assim.

Em 2009, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epanig) fez pesquisas na região e apontou a possibilidade de plantio de oliveiras. E, assim, nasceu a Oliq com seus primeiros 13 mil pés do fruto.

Bebida típica das montanhas

Quem também sempre foi conhecido por gostar de regiões mais frias e altas é a uva. Afinal, a amplitude térmica dos dias quentes e noites frias faz com que a casca fique “estressada” e crie uma proteção maior, na tentativa de proteger o bago da uva.

Quanto mais grossa ela é, mais compostos fenólicos, taninos, açúcares e, então, mais qualidade no vinho. “É da casca que vem quase tudo do vinho”, afirma Christian Pinotti, sommelier da Vinícola Villa Santa Maria.

O espaço, que começou como um sonho familiar no início dos anos 2000, hoje tem 90 hectares e recebe cerca de 55 mil turistas por ano. São 70 mil parreiras que fornecem vinhos de inverno, mais especificamente: Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Sauvignon Blanc, Merlot, Syrah, e Viognier.

Publicidade

Vinho Brandina, produzido na Vinicula Villa Santa Maria, ganhou destaque no Decanter World Wine Awards de 2023 Foto: FELIPE IRUATA

Para contemplar o enoturismo, é possível fazer piquenique no local, assim como visitas às plantações, degustações e refeições no restaurante, com comidas que harmonizam com os vinhos da casa.

Outros produtos feitos na região são queijos, como os artesanais produzidos no Empório Caminhos do Queijo, e cervejas feitas com a água que vem da serra próxima à Pedra do Baú, como as produzidas na Bauzera.

Passeio na cidade

Para chegar em cada um dos estabelecimentos mencionados acima, é necessária ao menos uma passagem por estradas de terra - algumas mais longas, como a ida até a Pedra do Baú, outras mais curtas, como o caminho até o Oliq. Porém, no centrinho da cidade, as vielas e ruas de paralelepípedo dão um desconto para o amortecedor do carro.

Por ali, vale a pena a visita na Capelinha de Mosaico I, construção feita pelo artista plástico Ângelo Milani com cacos de vidro, azulejo e estátuas de santos que foram abandonadas. Localizada na Rua 13 de Maio, 217, ela fica no quintal da casa do artista - facilmente identificada por também ter mosaicos.

As capelas dois e três também ficam na cidade, um pouco mais afastadas: uma no Bairro Paiol Grande, próximo ao Paço Municipal, e a outra no Bairro Quilombo, na Estrada Municipal Joaquim da Costa. C

ada uma tem o seu próprio estilo artístico apesar de terem sido feitas com o mesmo propósito: reciclar e ressignificar objetos jogados fora em arte.

Capela de Mosaico I feito pelo artista Ângelo Milani, no quintal de sua casa Foto: FELIPE IRUATA

Por quase não ter prédios na cidade, qualquer lugar mais alto é perfeito para ver o pôr do sol. Se quiser algo mais próximo do centro, o lugar é o Mirante do Cruzeiro, espaço onde se chega de carro e garante visão espetacular do município com as montanhas atrás.

Publicidade

Mas, se prefere uma vista ainda mais alta, vá até o Belvedere Serrano (cerca de 30 minutos do centro) para presenciar a despedida do sol com vista para as montanhas de Minas.

Serviço

  • Pedra do Baú | Ana Chata

Endereço: Estrada da Campista km 21

Horário de funcionamento: de segunda a domingo, das 9h às 17h30 (permanência até 18h30); entrada para a trilha da Pedra do Baú e para Pedra da Ana Chata permitida até 14h.

Faça o agendamento prévio aqui.

  • Oliq

Endereço: Estrada do Cantagalo, s/n, km 8

Publicidade

Horário de funcionamento: de quinta a segunda, das 10h às 17h

Agendamento das visitas: www.oliq.com.br

  • Vinícola Villa Santa Maria

Endereço: Estrada Municipal José Theotônio da Silva, s/n

Horário de funcionamento: de quarta a domingo, das 10h às 17h

Mais informações: www.villasantamaria.com.br

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.