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Anvisa fixa prazo de 10 dias para avaliar pedidos de uso emergencial de vacinas contra covid-19

Órgão trabalhará em tempo integral para analisar autorizações de importação, certificar linhas de produção e uso do imunizante

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BRASÍLIA - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou nesta segunda-feira, 14, que estabeleceu prazo de 10 dias para avaliar pedidos de uso emergencial de vacinas contra a covid-19. Em nota, o órgão disse que trabalhará em tempo integral, inclusive nas semanas de natal e ano novo, para analisar autorizações de importação, certificar linhas de produção e autorizações sobre uso de vacina.

"Se todos os documentos necessários tiverem sido submetidos à Anvisa pelos fabricantes da vacina, a Anvisa estima o prazo de até 10 (dez) dias para concluir a avaliação quanto à autorização de uso emergencial, desde que sejam vacinas das empresas que venham apresentando dados para a Anvisa e possuem ensaios clínicos em condução no Brasil", disse a Anvisa. 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Foto: Mariana Leal/Anvisa

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Não havia prazo estabelecido para avaliação de pedidos de uso emergencial de vacinas. Mas a agência já esperava se manifestar antes dos 60 dias previstos na análise de registro de produtos contra a covid-19. Esse tempo pode cair, caso a empresa use o mecanismo da "submissão contínua" ou se a vacina estiver registrada em agências reguladoras de peso, como dos EUA, Europa e China. 

Os prazos de registro e uso emergencial podem ser interrompidos, caso a Anvisa tenha alguma dúvida ou encontre problemas na documentação.

A Anvisa tem sido pressionada para dar uma resposta ágil na liberação de vacinas. A agência, porém, ainda não recebeu pedidos de uso emergencial. Apenas empresas que têm estudos finais de desenvolvimento de imunizantes no Brasil (fase 3) podem pedir esse aval. A aplicação emergencial deve ser feita no SUS, em grupos restritos, como de idosos ou profissionais de saúde. 

Há quatro vacinas com testes de fase 3 em andamento no País: o modelo desenvolvido pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade Oxford, a da chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantã, a das americanas Pfizer e BioNTech, além da vacina da Janssen-Cilag (Jhonson & Jhonson).

A vacina da Pfizer já recebeu aval para uso emergencial no Reino Unido e nos Estados Unidos, por exemplo, mas ainda não entrou com pedido na Anvisa. O registro definitivo da vacina exige a conclusão dos estudos de fase 3. Esse aval permite que a empresa distribua a vacina em massa, inclusive na rede privada. 

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Na última semana, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que o uso emergencial não é a solução ao País. O governo federal aposta na compra de vacina de Oxford e Astrazeneca, além do consórcio Covax Facility. Por meio destes dois caminhos, a ideia é receber 300 milhões de doses em 2021. Além disso, a pasta deve fechar acordo com a Pfizer para compra de 70 milhões de doses para o próximo ano, sendo que 8,5 milhões seriam entregues no primeiro semestre. A imunização de cada pessoa deve exigir a aplicação de duas doses da vacina.

Anvisa emparedada

Mesmo sem ter recebido dados finais sobre vacinas e pedidos de registro ou uso emergencial, a Anvisa está no centro de disputa política pela imunização no Brasil. 

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o Instituto Butantã citam no cálculo para liberação da Coronavac que a agência será um entrave. O produto é desenvolvido em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. 

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“Nós mudamos a nossa estratégia, que até semana passada era solicitar o uso emergencial com os dados de análise parcial. Dada a conjuntura e uma possível dificuldade com relação à própria velocidade da Anvisa, mudamos de estratégia e vamos pedir o uso definitivo na China e no Brasil ao mesmo tempo", disse o diretor do Butantã, Dimas Covas, nesta segunda-feira, 14, ao anunciar que adiou a entrega de dados finais sobre a vacina. 

Já o governo federal tem usado os prazos da Anvisa para atacar o governo paulista. "Senhor João Doria, não brinque com a esperança de milhares de brasileiros. Não venda sonhos que não possa cumprir, prometendo uma imunização com um produto que sequer possui registro nem autorização para uso emergencial”, disse o secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel Elcio Franco, em vídeo publicado no domingo, 13. 

Neste cenário, a leitura de técnicos e dirigentes da Anvisa é de que o Supremo Tribunal Federal (STF) interfira no rito de aprovação das vacinas.

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Na última semana, servidores da Anvisa divulgaram nota dizendo que “não serve aos interesses de governos, de pessoas, de organizações ou de partidos políticos”. Porta-vozes da agência também têm dito que nem sequer podem estimar em quanto tempo pode liberar uma vacina, pois não há pedido das fabricantes. 

Além de Doria, o presidente Jair Bolsonaro e o próprio chefe da Anvisa, o médico e contra-almirante Antonio Barra Torres, alimentaram a desconfiança sobre a Anvisa durante a pandemia. Bolsonaro chegou a comemorar quando a agência suspendeu, por menos de três dias, os estudos da Coronavac. Já o chefe da agência esteve, em março, sem máscara, ao lado de Bolsonaro em ato pró-governo que pedia o fechamento do Congresso e do Supremo.

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