SÃO PAULO - Diante do surgimento de novas variantes e aumento de casos de covid-19, laboratórios e hospitais de São Paulo registram alta na realização do teste RT-PCR, principalmente nas últimas semanas. A Prevent Senior, por exemplo, registrou alta de 40% na última semana em relação às duas anteriores. Outros exames para detectar a infecção pelo novo coronavírus, como o de sorologia, também têm sido procurados pela população.
"Entre a semana de 12 a 18 de fevereiro foram feitos 1.859 testes. De 19 até 25 de fevereiro, 2.145 e entre 26 de fevereiro e 4 de março, 2.622 exames RT-PCR", acrescenta a operadora de saúde voltada ao público da terceira idade.
Desde fevereiro do ano passado até o presente momento, o Grupo Fleury já realizou mais de 2,2 milhões de exames para covid-19, sendo 1,1 milhão de RT-PCR e 1,1 milhão de sorologias. "Somente no quarto trimestre do ano passado foram realizados mais de 750 mil exames", afirmou a instituição.
"Chegamos a fazer diariamente seis mil exames entre junho e julho do ano passado. Depois, registramos queda. Em novembro, voltaram a subir. E agora estamos registrando mais de 5 mil testes novamente", afirma Celso Granato, infectologista e diretor clínico do Grupo Fleury.
Considerado o padrão-ouro no diagnóstico da doença, o teste molecular feito pelo método RT-PCR (transcrição reversa seguida de reação em cadeia da polimerase, em português) permite saber se o paciente está infectado pelo vírus no momento em que o exame é realizado. Os testes para a pesquisa do vírus são os que identificam a infecção por meio da detecção do material genético do vírus. Para a realização deste exame, o material é coletado da garganta (orofaringe) e do nariz (nasofaringe) com uma haste flexível.
É recomendado para todos os indivíduos com sintomas, podendo detectar a presença do vírus do terceiro ao sétimo dia do início dos sintomas, preferencialmente. É indicado ainda para pacientes com sintomas graves há mais de 24 horas. Também pode ser feito por pessoas assintomáticas que tiveram contato com indivíduos contaminados ou com suspeita da doença.
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"É importante fazer o exame, desde que a pessoa tenha sintomas. Certamente, todos os testes têm uma sensibilidade maior quando a pessoa apresenta sintomas. Agora, é possível detectar o vírus desde o dia aproximadamente antes de a pessoa apresentar os sintomas e a quantidade máxima ser atingida entre o terceiro o sétimo dia desde o início dos sintomas", orienta Granato.
"Se tem sintomas deve logo fazer o teste. Agora se não apresenta, mas teve contato com pessoa infectada, deve-se esperar também entre o terceiro e sétimo dia após o contato para evitar resultado falso negativo", alerta.
No caso de crianças, embora muitos laboratórios façam o RT-PCR a partir de 2 anos, o diretor clínico do Grupo Fleury acredita que a coleta somente é feita com mais tranquilidade a partir dos 4. "Em crianças entre 1 ano e meio e quatro, temos colhido por aspiração, pois ela não sabe cuspir e teste com hastes flexíveis é muito invasivo. A partir de 4 anos, fazemos a coleta pelo cuspe da criança. O ideal é ter volume adequado para fazer a análise do material. Coleta pela saliva, sem traumatizar a criança", explica o infectologista.
Diferentemente do RT-PCR, o exame pelo método de Sorologia (IgM/IgG) é realizado por meio de amostra de sangue simples e verifica a resposta imunológica do corpo em relação ao vírus a partir da detecção de anticorpos em pessoas que foram expostas ao Sars-CoV-2.
"Não consideramos a sorologia como teste diagnóstico, em princípio, porque geralmente é feita entre 15 e 30 dias depois que a pessoa teve a infecção. Então, somente começa a ter sensibilidade suficiente a partir de 15 dias após a infecção. É bom para documentar pessoa que teve infecção, mas que não conseguiu fazer o PCR", explica Granato. Ou seja, a produção de anticorpos no organismo só ocorre depois de um período mínimo após a exposição ao vírus. Realizar o teste de sorologia fora do período indicado pode impactar em um resultado falso negativo.
Atualmente, a agilidade da entrega dos resultados também é favorável. "Temos alguns testes rápidos que ficam prontos em até 4 horas, mas eventualmente, dependendo da demanda, pode ficar pronto em até 1 hora", afirma o diretor clínico do Grupo Fleury. Neste caso, é uma variação do teste PCR, chamado Lamp. "É uma técnica de identificação do material genético do vírus. Tem sensibilidade de 100% nas pessoas que tiveram sintomas, sendo recomendado para ser feito no mesmo período indicado para o PCR", disse.
Nas unidade do Fleury, em São Paulo, o teste Molecular Rápido (Lamp), em que a amostra é coletada por secreção respiratória (nariz), o valor é de R$ 500. Já os testes PCR Secreção Respiratória e PCR Saliva, assim como o exame de sorologia, saem por R$ 420. O paciente deve ainda entrar em contato para verificar a necessidade de agendamento e possibilidade de coleta domiciliar.
Grupo brasileiro dono de 40 redes de laboratórios de medicina diagnóstica, entre eles Alta Excelência Diagnóstico, Lavoisier, Delboni e Salomão Zoppi, a Dasa afirma que as curvas de aumento pela procura de exames acompanham o aumento no número de casos.
"As pessoas começam a ter mais sintomas e os testes são utilizados para confirmar a presença do vírus", diz Gustavo Campana, diretor médico da instituição.
Segundo dados sobre a realização do teste RT-PCR, houve aumento nas últimas duas semanas, entre 19 e 25 de fevereiro e entre 26 de fevereiro e 4 de março) de 13% em São Paulo e de 18% no Brasil. Já os exames de sorologia, no mesmo período, tiveram a alta de 6% em SP e de 17% no País.
A Dasa disponibiliza o exame de RT-PCR a partir de R$ 270, sem a necessidade de pedido médico para a realização. Somente quando o exame é realizado pelo convênio, o pedido deve ser apresentado por ser uma é uma exigência da operadora.
Nos últimos 15 dias, o Grupo Leforte também registrou aumento de 26% na realização de exames para diagnóstico da doença em suasunidades hospitalares, ambulatoriais e avançadas, na comparação com o total dos 15 dias anteriores.
"Esse aumento foi registrado tanto no caso de internação quando nos atendimentos do Pronto Socorro, onde a instituição vem oferecendo também testes de antígeno para diagnóstico rápido para o novo coronavírus", disse, em nota, sem detalhar os números de testes realizados.
Segundo o Leforte, o teste Panbio Covid-19, que detecta a proteína do vírus Sars-CoV-2, é recomendado para pacientes com suspeita de infecção ativa pelo novo coronavírus (com ou sem sintomas). O valor cobrado é de R$ 110, sendo o resultado entregue no fim do exame (cerca de 20 minutos). A instituição também realiza o teste RT-PCR, por R$ 220, e o exame de Sorologia, por R$ 280,00, com resultados disponíveis em até três dias.
Presencialmente, drive-thru ou domiciliar?
A maioria dos testes pode ser realizada presencialmente na unidade, por drive-thru (sem sair do carro) também na rede médica e em casa. Granato, no entanto, avalia que o sistema de drive-thru é o mais indicado. "Fico preocupado de a pessoa fazer exame em ambiente fechado, já que pode contaminar o ambiente, ao trazer risco também para quem realiza o exame. Em drive-thru a ventilação é maior e traz mais segurança a todos."
Novas variantes
"Hoje, os testes realizados não dizem exatamente o que se está detectando, mas já indica algo diferente. Desta forma, precisamos adaptar um outro tipo de PCR que continue com mesma sensibilidade, dizendo que a pessoa é positiva ou não, e dizendo também se tem variante ou não. Mas ainda continuamos dependentes de insumos que são importados. É preciso buscar alternativa para tornar preço acessível. Neste caso, não só dizer se a pessoa é positiva ou não", adianta o diretor clínico do Grupo Fleury.
Sobre a prevalência da nova variante brasileira, a P1, o diretor médico da Dasa afirma que é a mais predominante em circulação no País. "Vários estudos demonstram que essa variante tem um perfil de maior transmissibilidade e que pode continuar aumentando o número de casos positivos no Brasil. As consequências com o aumento no número de casos é o aumento da demanda por serviços de saúde, sobretudo leitos de hospital e UTI, gerando um risco para a infraestrutura de saúde", alerta Campana.
Diante do avanço da doença, as medidas de prevenção devem ser mantidas pela população. Mesmo para quem já tomou a primeira e segunda dose da covid-19, o uso de máscara, a higienização correta das mãos e o distanciamento social são ações que devem ser respeitadas até que uma parcela significativa da população seja imunizada contra o novo coronavírus.