Simone Esser, de 38 anos, gerente farmacêutica da Drogaria São Paulo. Moradora de Osasco, região metropolitana de São Paulo. Casada, dois filhos.

Em um curto período, tivemos de nos adaptar a uma rotina totalmente diferente, pois estamos na linha de frente desta pandemia. Nossa maior preocupação é com a segurança: a nossa segurança e dos nossos clientes. Somos orientados pela empresa, seguindo as indicações dos órgãos de saúde, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde do Brasil. Como gerente farmacêutica, oriento as equipes sobre o uso e descarte dos materiais.
Também oriento a lavar as mãos com maior frequência, usar o álcool em gel a cada atendimento, reforçar a limpeza e higienização dos mobiliários e do espaço da loja com mais frequência do que antes. A loja é de grande porte, com equipe de 19 funcionários, sendo quatro farmacêuticos.
Março foi um mês bem atípico. Quando comparamos o fluxo de clientes em março de 2019 e este março (de 2020), nós tivemos um aumento significativo. O fluxo de clientes cresceu. A maior atenção foi orientar quanto aos riscos da automedicação. Muitas pessoas queriam comprar e usar todos os medicamentos e produtos que viam na mídia ou redes sociais contra o coronavírus. Também aumentou o número de clientes querendo fazer estoque de medicamentos de uso contínuo, por exemplo.
Com a quarentena, foi a vez das seções de medicamentos isentos de prescrição médica (os OTCs, sigla em inglês) serem muito procuradas, principalmente, vitamina C, analgésicos e antigripais. Os atendimentos por telefone aumentaram bastante. Antes do surto, quase não recebíamos esse tipo de ligação.
Nossa área de medicina do trabalho está em contato diário com os funcionários para orientações e respostas às dúvidas
Simone Esser, farmacêutica
Temos uma ferramenta de comunicação interna atualizada com boletins do dr. Drauzio Varella, parceiro da empresa pelo Programa de Relacionamento Viva Saúde. Isso é muito importante.
Na minha vida pessoal, as mudanças são bem sentidas, também. Nós, que somos brasileiros, gostamos de abraçar, de beijar. Tenho dois filhos, o Gustavo, de 7 anos, e a Letícia, de 2 anos. Antes da pandemia, eu era recebida com abraços e beijos. Hoje, quando chego em casa, já tenho que retirar os sapatos e ir direto para o banho. Só depois disso interajo com a minha família.
É um misto de sensações estar na linha de frente. Claro que o medo vem em alguns momentos, mas isso fica pequeno perto do sentimento de responsabilidade e do amor à profissão. Eu me sinto uma heroína por estar disponível para a população, podendo trazer um pouco de calma neste momento tão tenso.