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Fiocruz prevê ter insumos para vacina só em 8 de fevereiro e já negocia importar mais doses prontas

Matéria-prima vem da China; Brasil recebeu dois milhões de doses do imunizante de Oxford esta semana, após longa negociação

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Por Fernandes Nunes
Atualização:

RIO - A Fiocruz prevê receber a matéria-prima para a produção da vacina de Oxford no Brasil "por volta do dia 8 de fevereiro", segundo a presidente da fundação, Nísia Trindade Lima. A previsão inicial era de que os insumos, vindos da China, chegassem ainda este mês. Com isso, a Fiocruz já negocia a importação de um 2º lote do imunizante, enquanto a fabricação nacional não começa. Nessa sexta-feira, 22, chegaram dois milhões de doses compradas da Índia, já encaminhadas aos Estados. A restrição na quantidade de vacinas desafia a campanha de imunização no Brasil, que pode parar diante dos atrasos da chegada dos insumos. 

Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro Foto: Fiocruz

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Nísia, no entanto, afirmou que não há atraso no contrato firmado com a AstraZeneca. Também negou que a atuação da equipe diplomática do governo federal tenha prejudicado a entrega. Ao longo da semana, a gestão Jair Bolsonaro e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, foram alvo de críticas pela dificuldade em negociar com os países asiáticos a liberação dos produtos. No caso da Índia, a busca das vacinas atrasou uma semana. Em relação à China, especialistas afirmam que declarações do presidente e de Araújo, como colocar em dúvida a eficácia da Coronavac, vacina produzida em parceria do laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantan, causam mal-estar. O governo vem isolando Araújo das negociações com Pequim. 

A nova compra no exterior, porém, ainda está em negociação. Não há data nem quantidade definidas para o novo lote. Nesta semana, a farmacêutica AstraZeneca, parceira da Universidade de Oxford no desenvolvimento do imunizante, informou à União Europeia que entregaria menos remessas do que o previsto inicialmente, por causa de problemas de produção. 

Segundo Nísia, o IFA não poderá ser entregue ainda neste mês por causa de um parecer do laboratório chinês.O documento indicou risco biológico elevado na produção do insumo, mas ela diz que já está "superado" o problema. "A chegada do IFA está nos consumindo", reconheceu.

Ao Ministério Público Federal (MPF) esta semana, o Instituto Biomanguinhos, que integra a Fiocruz, informou que o primeiro lote do IFA tinha chegada prevista para 23 de janeiro, mas a confirmação ainda estava pendente. Neste mesmo documento ao MPF, o órgao admite adiamento de fevereiro para março da entrega das primeiras doses produzidas no Brasil ao Ministério da Saúde.

Além do tempo de produção do imunizante a partir do IFA, justificou a Fiocruz aos procuradores esta semana, as doses fabricadas nacionalmente precisarão passar por testes de qualidade que demorarão quase 20 dias. Está prevista a compra do IFA chinês em dois lotes, com intervalo de duas semanas entre eles. Cada umtrará produto suficiente para produzir 7,5 milhões de doses - ao todo, 15 milhões. A produção, porém, pode ser acelerada. A capacidade da Fiocruz de produzir vacinas é maior do que a quantidade a ser importada.

Em março, a Fiocruz produzirá as primeiras doses, ainda com insumo importado. A partir de abril, a Fiocruz começará a produzir o IFA. A previsão é fabricar 100,4 milhões de doses até julho. No fim do ano, devem ser produzidos mais 110 milhões.

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