O panorama de vulnerabilidade da população negra é o mesmo nos Estados Unidos. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças apontam que 30% dos pacientes de covid-19 são negros mesmo que representem apenas 13% da população. Os dados, no entanto, não são completos. Faltam informações étnicas em 75% dos pacientes.
Os dados são dramáticos em algumas cidades. Em Chicago, cidade 30% negra, as pessoas dessa etnia representam 70% dos casos de coronavírus na cidade. Na Louisiana, cerca de 70% das pessoas que morreram são negras, embora apenas um terço da população desse Estado seja afro-americana.
Especialistas em saúde pública dos Estados Unidos apontam que qualquer pessoa pode estar infectada com coronavírus, mas certas populações são mais vulneráveis à contaminação. Isso ocorre porque a exposição ao vírus e a capacidade de lidar com ele dependem, entre outros fatores, do acesso aos serviços de saúde.
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Muitas comunidades negras norte-americanas simplesmente não podem pagar pela saúde — nos Estados Unidos os serviços são privados. Com isso, boa parte dos infectados não recebe serviços de assistência médica e pode falecer em suas próprias casas.
O tipo de trabalho realizado pelas comunidades negras e a exposição prolongada ao vírus também são fatores importantes. Quando as autoridades defendiam o isolamento social como a melhor maneira de se evitar o vírus, os negros continuaram trabalhando, pois exercem atividades que dificilmente realizam home office, como o setor de transportes, por exemplo.
As patologias preexistentes agravam ainda mais a situação. Em Nova Orleans, quase 60% da população é negra. Nesse segmento, as taxas de obesidade e de hipertensão são muito superiores à média nacional. Em Chicago, os negros sofrem com frequência de diabetes, patologias cardíacas e respiratórias.