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Paniculite: O que é e quais são os sintomas da doença ligada à morte do cantor Erasmo Carlos

Artista morreu nesta semana aos 81 anos. Condição de saúde atraiu atenção e demanda investigação detalhada, explicam médicos

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Por Gabriela Meireles
Atualização:

A presença de nodulações normalmente dolorosas na pele está entre os sinais clínicos mais comuns da chamada paniculite. Nesta terça-feira, 23, esse termo atraiu atenção, uma vez que as complicações dessa doença foram identificadas como causa da morte do cantor e compositor Erasmo Carlos, aos 81 anos de idade.

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De acordo com o professor de Dermatologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Lucas Campos Garcia, uma série de agentes podem causar esse quadro. “A definição de qual doença está efetivamente causando a paniculite geralmente demanda uma investigação detalhada, incluindo a história do paciente, exame físico e exames laboratoriais”, explica.

Por essa razão, ele enfatiza que dúvidas relacionadas ao diagnóstico devem ser atendidas por um médico dermatologista ou reumatologista. A automedicação é contraindicada.

Cantor e compositor morreu na terça-feira, 22, aos 81 anos de idade  Foto: Tasso Marcelo/Estadão

A paniculite, na verdade, define um grupo de doenças com diferentes causas. O que acontece é a inflamação do tecido adiposo subcutâneo, como é chamada a gordura que fica localizada logo abaixo da epiderme e da derme. “Em geral as paniculites se manifestam com eritema, ou vermelhidão da pele, endurecimento da área acometida, dor e calor local”, explica Garcia.

“As causas dessa inflamação podem ser agentes infecciosos; origens externas como preenchedores ou silicone; doenças metabólicas, como a deficiência de alfa 1 antitripsina; neoplasias, como o linfoma e, mais frequentemente, doenças autoimunes, como as doenças reumatológicas, por exemplo o lúpus eritematoso”, cita.

Garcia ainda ressalta que a inflamação causada pela paniculite pode ser muito intensa, e o edema (acúmulo de líquido) causado em virtude dessa inflamação poderia causar uma síndrome edemigênica, também apontada como um problema enfrentado por Erasmo. “Seria uma evolução bastante rara para uma paniculite, uma vez que as síndromes edemigênicas geralmente estão associadas a outros órgãos como coração e rins, além de distúrbio metabólicos, como redução da albumina do sangue, uma proteína produzida pelo fígado”, observa.

É por essa razão que uma análise detalhada do caso clínico é indispensável. Afinal, de acordo com o professor tratamento vai depender efetivamente da doença de base que está causando a paniculite”

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Mais indícios dessa condição são explicados por Marina Porangaba, médica reumatologista da Santa Casa do Rio de Janeiro. Ela reforça que a paniculite se divide em vários tipos, sendo a manifestação clínica mais conhecida o eritema nodoso - que são os nódulos avermelhados ou violáceos na pele. Ela completa que, “dependendo do tipo de paniculite, pode causar atrofia (retração) ou esclerose (endurecimento) na pele”. “Também pode haver febre, fadiga e mais sintomas associados”.

Quadros mais graves da paniculite

Pensando na diversidade de causas que podem estar por trás da paniculite, entre elas doenças reumatológicas, vasculites. que são as inflamação dos vasos, e até doenças inflamatórias intestinais, é importante estar atento aos riscos de infecção e quadros mais preocupantes da doença.

De acordo com Porangaba, “as paniculites podem ter desfechos graves como óbito, dependendo da intensidade da doença que causou a doença e do grau de inflamação do tecido, que pode causar um choque circulatório”.

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Além disso, “considerando a possibilidade de origem infecciosa e associado ao quadro clínico do paciente, eventualmente debilitado e com baixa da imunidade, a infecção que origina a paniculite pode disseminar e trazer quadros mais graves, infelizmente, em situações ocasionais, trazendo o paciente ao óbito”, explica o dermatologista Fabiano Pacheco, representante da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

Novamente, Pacheco enfatiza a importância do diagnóstico atento. Segundo ele, “o tratamento é direcionado para a origem da paniculite, sempre com uma resposta lenta de recuperação”, finaliza.

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