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Para controlar uma epidemia, é necessária ação populacional, e não apenas individual

O Projeto S, desenvolvido pelo Instituto Butantan na cidade de Serrana, demonstrou o impacto benéfico da ação antes mesmo que o último grupo recebesse a segunda dose

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Por Paulo Lotufo

O Projeto S, desenvolvido pelo Instituto Butantan na cidade de Serrana, mostrou cabalmente que, para se controlar uma epidemia, é necessária ação populacional, e não apenas individual. O município foi dividido em quatro grupos, diferenciados por cores, e cada um foi vacinado em uma semana. A pesquisa demonstrou o impacto benéfico da ação antes mesmo que o último grupo recebesse a segunda dose.

A bem-sucedida estratégia coloca em xeque a proposta de vacinação por grupos prioritários. O que vale é um conjunto estar protegido e não indivíduos isolados. Sobre a efetividade da Coronavac em idosos, é importante lembrar que, por ser uma cidade pouco populosa, o número de indivíduos dessa faixa etária é muito pequeno e, por serem mais suscetíveis ao vírus, parte pode ter morrido de covid antes da chegada da vacinação.

Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Serrana atende pacientes com covid-19. Foto: Léo Souza/Estadão

Dessa forma, não é possível concluir de forma definitiva que a proteção contra hospitalizações e óbitos nesse grupo é próxima de 100%, mas os dados iniciais já indicam que os idosos também desenvolvem resposta imunitária importante com a vacina e não ficaram sem proteção.

Falta ainda o detalhamento de alguns dados brutos da pesquisa, mas, com o que foi apresentado, pela primeira vez se demonstra cientificamente que o mais importante na vacinação e no controle da pandemia é a ação coletiva.

*É EPIDEMIOLOGISTA E PROFESSOR DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP)

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