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El Niño ainda deve causar estragos da Amazônia ao Alasca; veja o que prevê novo estudo

Recordes de temperatura na floresta e risco de mais eventos extremos, como incêndios, podem ocorrer até o meio de 2024, até quando deve durar o fenômeno climático

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Por Redação
Atualização:

O El Niño, fenômeno climático que tem influenciado o clima desde o ano passado, pode causar, em várias partes do planeta, como na Amazônia, no Mar do Caribe e no Alasca, temperaturas médias sem precedentes até junho de 2024. Isso é o que diz novo estudo publicado pela revista Scientific Reports nesta semana.

Amazônia teve recorde de queimadas para fevereiro; Roraima, Estado com mais focos de incêndio, vê fogo avançar por terras indígenas, como a São Marcos Foto: Brigadistas Indígenas/CIR

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Assinado por pesquisadores chineses, o trabalho sugere que há probabilidade estimada de 90% de que ocorram temperaturas médias globais de superfície recordes durante o mesmo período em um cenário de El Niño moderado ou forte.

A equipe, liderada pela Academia Chinesa de Ciências Meteorológicas, criou um modelo sobre os efeitos do El Niño de 2023-24 na variação regional das temperaturas médias do ar na superfície em relação à média de 1951-1980.

Eles usaram períodos de análise em que fosse possível garantir que sempre estivesse incluído o pico típico de um El Niño, que ocorre entre novembro e janeiro. O El Niño e suas consequências na temperatura das águas do Oceano Pacífico são fatores-chave na variabilidade climática em todo o mundo.

O calor liberado na atmosfera a partir do oceano Pacífico ocidental durante o El Niño provoca um aumento acelerado das temperaturas médias anuais da superfície terrestre. Segundo parte dos especialistas, os efeitos do fenômenos têm ficado mais acentuados conforme se agrava a crise climática.

Em um cenário moderado de El Niño, os modelos sugerem que tanto no golfo de Bengala quanto nas Filipinas devem se registrar temperaturas médias sem precedentes, assim como o Mar do Caribe, o Mar da China Meridional e áreas da Amazônia e do Alasca.

Os autores estimam que, no cenário moderado, as temperaturas médias globais no período 2023-24 ficariam entre 1,03 ºC e 1,10 ºC acima da média de referência do período 1951-1980. Essas mesmas temperaturas, no cenário de El Niño forte, estariam entre 1,06 ºC e 1,20 ºC acima da referida média, segundo o estudo.

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Os autores alertam que temperaturas médias recordes provavelmente desafiarão a capacidade atual das regiões de lidar com as consequências do excesso de calor. Além disso, as altas temperaturas podem aumentar consideravelmente a probabilidade de ocorrência de fenômenos climáticos extremos, como incêndios florestais, ciclones tropicais e ondas de calor.

Esse risco se concentra principalmente nas áreas oceânicas e costeiras, onde a maior capacidade calórica do oceano faz com que as condições climáticas persistam por longos períodos.

Uma temperatura recorde na superfície na Amazônia pode agravar os fenômenos meteorológicos extremos e aumentar o risco de queimadas. A região, que já sofreu graves incêndios florestais e secas em setembro e outubro de 2023, é lembrada no estudo.

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Ministério da Ciência e Tecnologia, foram 2.924 focos identificados pelas imagens de satélite até o último dia 26, maior número desde o início da série histórica, em 1999.

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Em Roraima, Estado que concentra a maior quantidade de focos de incêndio, as chamas avançam por áreas protegidas, como unidades de conservação ou indígenas. Além das queimadas e da seca histórica, a fumaça tem encoberto estradas, como a RR-206, e partes de Boa Vista.

Já o aquecimento do Alasca, conforme o estudo, pode resultar em uma série de reações negativas, como o derretimento dos glaciares e do permafrost, a erosão costeira e outros efeitos climáticos negativos.

Além disso, a probabilidade de temperaturas recordes da superfície do mar no Golfo de Bengala, no Mar da China Meridional e no Mar do Caribe “pode causar ondas de calor marinhas durante todo o ano, com consequências ecológicas, econômicas e sociais negativas”, escrevem os autores.

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O El Niño deve ser substituído até o fim do ano pelo fenômeno La Niña, caracterizado pelo esfriamento das águas superficiais do Pacífico e pela consequente queda nas temperaturas globais. No Brasil, costuma causar fortes chuvas nas regiões Norte e Nordeste. No Sul, há elevação das temperaturas e seca.

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