Em cúpula do Brics, Bolsonaro diz que vai revelar países que compram madeira ilegal da Amazônia

Presidente afirma que o País sofre com "injustificáveis ataques" em relação à região amazônica

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BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar nesta terça-feira, 17, que revelará "nos próximos dias" a lista dos países que compram madeira ilegal da Amazônia. Em discurso na cúpula do Brics, Bolsonaro afirmou que o País sofre com "injustificáveis ataques" em relação à região amazônica e ressaltou que algumas nações que criticam o Brasil também importam madeira brasileira ilegalmente da Amazônia.

"Revelaremos nos próximos dias os nomes dos países que importam essa madeira ilegal nossa através da imensidão que é a região amazônica", declarou em sua participação no encontro do grupo de países que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. "Porque daí sim estaremos mostrando que estes países, alguns deles que muitos nos criticam, em parte têm responsabilidade nessa questão", emendou.

O presidente Jair Bolsonaro durante cúpula do Brics Foto: Marcos Correa

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Na semana passada, o presidente já havia falado sobre o assunto em conversa com apoiadores e durante transmissões ao vivo em redes sociais. Na ocasião, elealegou que os compradores internacionais de madeira têm feito "vista grossa" para o material que adquirem no País, enquanto ele acaba levando a fama de ser o responsável pelo desmatamento irregular.Sem citar o nome, ele havia feito menção a um sistema que permite identificar a origem da madeira.

“Em cima do DNA, nós sabemos cada madeira, para que país foi. Essa daqui, por exemplo. Vai para a França, Bélgica, Inglaterra, Portugal, Dinamarca e Itália. E assim, cada bolacha aqui, está descoberto para onde vai a madeira.” Em transmissão pelas redes sociais feita na semana passada, Bolsonaro disse que, agora que foi “tudo documentado”, iria mostrar que “esses países que nos criticam são, na verdade, os receptadores”.

O mercado brasileiro de madeira é, historicamente, marcado pela ilegalidade. Não há números precisos sobre a dimensão das atividades criminosas no setor, mas estima-se que até 90% das madeiras que vão para fora do País são fruto de extração irregular. O ipê, chamado de o novo “ouro da floresta”, é a madeira mais cobiçada. Dentro daquilo que o Brasil consegue rastrear como operações legais no comércio de madeira, os dados apontam que 90% das derrubadas abastecem o mercado nacional, enquanto os demais 10% seguem para o exterior. Os Estados Unidos compram mais da metade do que o Brasil exporta atualmente, seguidos dos países europeus.

Nesta terça-feira, o aviso sobre apresentação de nomes de países envolvidos na importação de madeira da região amazônica chegou a ser feito mais de uma vez hoje por conta de uma falha técnica na transmissão. Pela primeira vez, a cúpula do Brics se reúne de forma virtual. Ao retomar sua fala, o presidente fez ainda comentário em tom irônico: “Com toda a certeza foi só uma coincidência. Quando falei da madeira da Amazônia o sinal cai... claro que foi só uma coincidência”, disse.

Antes de ser interrompido pela falha técnica na transmissão, Bolsonaro destacou ainda que o Brics está em "perfeita sintonia" e citou a estratégia de combate ao terrorismo e a busca por uma vacina contra a covid-19. “De tudo que foi tratado até aqui estamos em perfeita sintonia e comprometidos no combate ao terrorismo e na busca por uma vacina segura e eficaz contra o covid-19. O Brasil também trabalha para uma vacina própria.”

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Soberania

Em seu discurso, Bolsonaro defendeu ainda o respeito à soberania dos países para uma retomada do crescimento econômico pós-pandemia. Ele ressaltou o papel do Brics nesse processo. Segundo ele, o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul pode desempenhar "papel central" para o combate ao vírus e retomada do crescimento.

"Em 2020, o mundo volta a enfrentar uma crise de contornos desafiadores. Mais uma vez os países do Brics podem desempenhar papel central nos esforços da superação da covi-19 e da retomada da economia", disse. Em seguida, Bolsonaro acrescentou que "o caminho para o crescimento econômico depende da cooperação focada em benefícios mútuos e no respeito às soberanias nacionais".

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