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Além do Código Florestal

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Com o rompimento do acordo que, bem ou mal, fora assinado pelas suas lideranças em torno do texto de reforma do Código Florestal do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), o governo exibiu a fragilidade de sua articulação política, insuficiente até aqui para administrar os conflitos de interesses entre PT e PMDB - para ficar nos dois maiores partidos de sua base de sustentação.À parte o mérito da questão ambiental, o que emerge do episódio da última quarta-feira é a necessidade do Planalto de apelar para um recurso regimental próprio das minorias - a obstrução em plenário -, para salvar-se de uma derrota acachapante. O texto do relator seria aprovado por mais de 400 votos se posto em votação.É certo que estava em pauta uma causa de maioria suprapartidária que exige uma negociação muito mais ampla e complexa do que as dos confrontos rotineiros entre governo e oposição. Mas o Planalto condenou seu líder na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), à desconfiança eterna dos seus pares e, por extensão, comprometeu sua credibilidade. O sentimento de insatisfação na base não se limita apenas a nomeações frustradas - embora saciadas, representem forte componente de sedução política. Está em curso uma oposição silenciosa à estratégia da presidente Dilma Rousseff de implantar uma gestão de resultados, baseada no modelo privado, inconciliável com o poder político na forma em que este se consolidou no País.Nesse quadro, resta ao Planalto o poder coercitivo, cuja eficácia - mostra a história - diminui na proporção do desgate natural dos governos.Estilo gerencialA estratégia de terceirizar a negociação política para evitar a pressão pessoal, tem custado à presidente Dilma Rousseff críticas generalizadas dos parlamentares da base aliada. São muitas as queixas de deputados por não serem recebidos pela presidente, que também refletem a insatisfação dos ministros com igual tratamento. O estilo gerencial de reuniões coletivas para balanço das metas assumidas cada vez incomoda mais e constrange ministros que se ressentem da falta de conversas individuais com a presidente - sempre um sinal de prestígio, mas sobretudo uma oportunidade de tentar o convencimento pessoal para salvar interesses partidários. Mais fôlego A visibilidade reconquistada com sua participação decisiva no adiamento da votação do Código Florestal devolveu à ex-senadora Martina Silva algum fôlego na sua luta pela renovação no comando do Partido Verde. Mas prevalece ainda o prazo informal estabelecido - até o final do ano - para que o atual presidente, deputado José Luiz Penna (SP), deixe o cargo no qual já está há 12 anos. Amigos do reiNos próximos dias, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) apresenta projeto de lei que implanta o orçamento impositivo em relação aos recursos do Orçamento da União destinados à segurança pública. Segundo Aécio, os recursos repassados ao Fundo Nacional de Segurança e ao Fundo Penitenciário (Fupen) são contingenciados pelo governo federal. A ideia é que os recursos não possam mais ser retidos pela União e sejam transferidos mensalmente por duodécimos aos governadores. "O mais amigo do governo vai lá, dá a facada e leva", diz. Qualquer relação com o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), é mera coincidência.ReaçãoPara o senador Eunício de Oliveira (PMDB-CE), o medo dos políticos de perder tempo de TV em 2012 tem sustado adesões ao PSD. No Ceará, reverteu a adesão de dois deputados federais com esse argumento.

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