Dez livros essenciais recomendados pela equipe do 'Aliás' em fevereiro

Lançamentos nacionais e internacionais integram a lista, publicada em todo último domingo do mês

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Foto do author Antonio Gonçalves Filho
Por André Cáceres e Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

A equipe do Aliás seleciona, na última edição de cada mês, dez obras publicadas recentemente no Brasil e em outros países para incluir em sua Estante. Confira as indicações de fevereiro:

Capas dos livros indicados pelo 'Aliás' em fevereiro 

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Memórias de Adriano - Marguerite Yourcenar (Nova Fronteira) Clássico originalmente publicado em 1951, o livro da escritora francesa ganha reedição com prefácio da historiadora Mary del Priore, que destaca a maestria de Marguerite Yourcenar ao relacionar fatos passados entre os anos 117 e 138, no Império Romano, com a atualidade. Yourcenar conta a história de Adriano como se o próprio imperador ditasse suas memórias ao sentir a proximidade da morte. Fragilizado, Adriano relembra suas vitórias militares, seus amores e as viagens que empreendeu. O livro, grande sucesso quando foi lançado pela primeira vez no Brasil, foi adaptado para o teatro com Luciano Chirolli no papel do imperador Adriano. 

O Corvo - Edgar Allan Poe (Companhia das Letras) Com organização, posfácio e tradução dos ensaios de Paulo Henriques Brito, a obra mais conhecida do poeta norte-americano Edgar Alla Poe, O Corvo, é republicada com traduções de Fernando Pessoa e Machado de Assis. Publicado em 1845, o longo poema foi elogiado por alguns e criticado por literatos importantes como Henry James, que gostava mais dos contos de terror do autor. O tema de O Corvo é a morte de uma bela mulher, descrita em 108 versos. Nele, um estudante, muito abalado pela perda da amada, recebe à meia-noite a visita de um corvo, que se diz chamar Nevermore (Nunca Mais), repetindo seu nome à exaustão a cada pergunta do desesperado rapaz.

Ricardo e Vânia - Chico Felitti (Todavia) O repórter Chico Felitti reconstitui a história de um enigmático personagem que circulava pela rua Augusta, em São Paulo, pedindo dinheiro aos motoristas ou distribuindo folhetos de peças teatrais. Conhecido como Fofão, poucos sabiam de sua identidade verdadeira. Felitti descobriu que Ricardo, cabeleireiro de celebridades, esquizofrênico, viera de Araraquara ainda jovem. Drag queen, namorou um garoto que foi para Paris e virou garota de programa após muitas injeções se silicone. Ricardo morreu em 2017. Vagner, seu ex-companheiro, hoje conhecido por Vânia, conta sua vida com Ricardo, que ficou com o rosto deformado pelo silicone.

Primeiros Escritos Filosóficos - Theodor Adorno (Unesp) Cinco textos produzidos entre 1924 e 1931 por Adorno, um dos pensadores mais influentes da Escola de Frankfurt, são traduzidos pela primeira vez no Brasil pela pesquisadora Verlaine Freitas, da Universidade Federal de Minas Gerais, que também assina a apresentação de Primeiros Escritos Filosóficos. No primeiro texto, Adorno analisa a fenomenologia de Husserl. No segundo, fala do conceito do inconsciente na doutrina transcendental da alma. Adorno trata ainda do papel da filosofia na sociedade moderna, de história natural e da linguagem filosófica no século 20. A Unesp está publicando toda a obra do filósofo alemão no Brasil.

The Threat - Andrew McCabe (St. Martin's) No esperado The Threat, as memórias do ex-agente do FBI Andrew McCabe, um republicano casado com uma democrata que foi demitido dois dias antes de se aposentar, o autor diz com todas as letras que o FBI, hoje, está sob ataque do presidente Donald Trump, retratando-o como um chefão da Máfia. Infelizmente, McCabe escreveu um livro pequeno (pouco mais de 200 páginas) para tantos escândalos que pretende relatar, em especial os e-mais de Hillary Clinton durante a última campanha presidencial e as ligações perigosas de Trump com os russos. McCabe falha ao não revelar como o FBI fez tudo para influenciar a campanha de 2016. 

O Construtor de Pontes - Markus Zusak (Intrínseca) Os narradores importam na obra do escritor australiano Markus Zusak. Se em seu best-seller A Menina que Roubava Livros, ele conta a história da jovem protagonista – e o pano de fundo do horror da guerra – pela mórbida perspectiva da Morte, seu novo livro oferece um ponto de vista mais delicado: o filho mais velho de uma família despedaçada pelo ressentimento. Matthew e seus quatro irmãos foram abandonados pelo pai, que retorna um dia pedindo ajuda para construir uma ponte. Todos os filhos negam-lhe auxílio, menos um. O traidor, na visão de Matthew, é Clay. Uma jornada sobre perdão na época em que a sociedade mais parece fraturada.

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O Rumor do Tempo - Ossip Mandelstam (Editora 34) Por pouco, os poemas de Ossip Mandelstam não se perderam para sempre. Uma das principais vozes líricas do início do século 20 na Rússia, ele recitava seus versos em público e não costumava anotá-los. “Os vestígios de minha mão não são identificáveis porque eu nunca escrevo”, disse o autor. No entanto, para um sujeito perseguido pelo regime soviético, esse hábito imprudente quase impediu o acesso dos leitores contemporâneos à sua obra. Se hoje temos traduções de Augusto de Campos, Lauro Machado Coelho, Henri Abril – e a mais recente, de Paulo Bezerra – é porque sua esposa, Nadejda, memorizou seus versos e contou sua história no livro Contra Toda Esperança. 

Papa Highirte - Oduvaldo Vianna Filho (Temporal) Quarenta anos após ser encenada no Rio de Janeiro, em uma montagem dirigida por Nelson Xavier, a peça Papa Highirte, de Oduvaldo Vianna Filho, ganha uma nova edição. O texto, que passou mais de uma década censurado antes de subir aos palcos, apresenta o ex-ditador do país fictício Alhambra durante seu exílio em Montalva, outra república inexistente. Com forte inspiração no ditador haitiano François Duvalier, que governou a ilha entre 1957 e 1971, a peça de Vianna reflete sobre os regimes autoritários que assolaram a América Latina durante boa parte do século 20, enquanto faz uma sátira da política no continente com personagens caricatos.

Rosa Luxemburgo - Paul Frölich (Boitempo) No centenário da morte da revolucionária, economista e pensadora polonesa-alemã Rosa Luxemburgo, um dos mais interessantes livros escritos a seu respeito finalmente chega ao Brasil. Publicada originalmente há 80 anos, a biografia de Luxemburgo pelo jornalista alemão Paul Frölich é traduzida pela primeira vez para o português em 2019 por Erica Ziegler e Nélio Schneider. Desde o lançamento original de Pensamento e Ação, muitas outras obras trataram da vida dessa filósofa, mas Frölich se destaca pela proximidade com seu objeto de pesquisa, que o faz apresentar sua vida de uma forma mais empática, humanizando a personagem. 

A Singularidade Está Próxima - Ray Kurtzweil (Iluminuras) Pela teoria da evolução, não há motivo para se imaginar que o ser humano está em sua forma definitiva. Quem defende isso é o cientista da computação Ray Kurzweil, um dos principais profetas da singularidade no Vale do Silício. Para ele, antes da metade do século 21, a inteligência artificial superará a humana, mas isso não é o prenúncio de uma catástrofe. Kurzweil é um inveterado otimista em relação aos avanços tecnológicos. Em A Singularidade Está Próxima, ele fornece ao leitor o estado da arte da inteligência artificial e mostra alguns dos possíveis desdobramentos – uma utopia em que humanos vencem a biologia e se tornam imortais.

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