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Opinião|Mostra de Gostoso 2023: 'O dia que eu te conheci', recado com amor, humor e sem discursos

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
 

 

SÃO MIGUEL DO GOSTOSO - Choveu em Gostoso e a sessão da noite foi transferida para a Sala Petrobras, um domo geodésico também plantado na praia, porém coberto. Lá foram exibidos os últimos filmes da competição - o longa O dia que te conheci, de André Novais Oliveira, e os curtas Lapso, de Caroline Cavalcanti, e Cabana, de Adriana de Faria. 

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O dia que te conheci é um filme com a marca registrada André Novais Oliveira. Zeca (Renato Novais, irmão do realizador) mora em Belo Horizonte e trabalha em Betim como bibliotecário de uma escola. Hora e meia de ônibus para ir, hora e meia para voltar. Como se atrasa sempre, acaba perdendo o emprego. Em compensação, aproxima-se de Luiza (Grace Passô), e então muita coisa muda. 

O filme toca pela simplicidade, pela honestidade, pelo total despojamento e amor aos personagens. Tudo temperado com senso de humor mineiro, contido, suave, inteligente, que não precisa ofender ninguém para divertir e desanuviar o ambiente. 

Minas Gerais, em especial o pessoal da produtora Filmes de Plástico, de Contagem, está fazendo um cinema de dar gosto. Inspirado, original, simples, dando seu recado de maneira eficaz sem precisar levantar bandeiras de causas nem entediar ninguém. Está tudo lá, de maneira orgânica, nos filmes, para quem quiser ver. 

Lapso é um curta-metragem interessante, reunindo dois jovens, ela portadora de deficiência auditiva, ele aprendendo a língua dos sinais para se comunicar com a namorada. 

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Cabana, a meu ver, é o curta que dá seu recado de maneira mais sintética e criativa. Ao falar de uma das revoltas históricas do país, a Cabanagem, ocorrida no Pará no século 19, faz o passado invadir o presente através de um recurso visual ousado. Ou seja, faz cinema, o que nem sempre acontece com quem faz filmes.  

Hoje a chuva parou e então a premiação voltará à "mais bela sala de cinema do mundo", aquela instalada na Praia do Maceió, com direito a telão e espreguiçadeiras para acompanhar a sessão. Além dos prêmios, haverá exibição do curta A árvore do sonho e do longa documental Samuel e a Luz. 

 

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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