PUBLICIDADE

Os Lusíadas: superprodução em novo teatro

Uma epopéia musical com poemas de Camões será encenada no novo espaço Estação das Artes, na Estação Júlio Prestes, com produção de Ruth Escobar

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Mais um dos sonhos grandiosos da atriz e produtora Ruth Escobar ganha forma amanhã à noite com a estréia, para convidados, da adaptação teatral do poema épico Os Lusíadas, de Luís de Camões, no novo espaço teatral Estação das Artes. Definido como uma "epopéia musical", o espetáculo dirigido por Iacov Hillel e orçado em R$ 2 milhões tem 52 atores no elenco, sem contar a participação, em vídeo, de Raul Cortez, Juca de Oliveira, Carlos Alberto Riccelli, Fúlvio Stefanini e Caco Ciocler. José Rubens Siqueira assina a adaptação do texto e também os 368 figurinos - "ao todo são 468 peças". O cenógrafo Renato Theobaldo é o criador da caravela de 11 metros de comprimento e 4,4 metros de altura, sem contar o mastro e velas. O barco é um dos elementos cenográficos desse espetáculo que tem ainda cenários como a Ilha dos Amores e aldeias da costa Africana, além de tempestades e o gigante Adamastor. A cenografia pretende transportar o público para o século 16 e contribuir para que ele tenha a sensação de ser companheiro de viagem de Vasco da Gama na descoberta do caminho marítimo para as Índias. Em meio a tormentas e escassez de víveres, a caravela deslizará pelo palco/corredor de 50 metros do Estação das Artes. Com um salão de 800 metros, duas arquibancadas longitudinais, lustres de bronze e vitrais restaurados, o espaço foi criado a partir da recuperação da antiga entrada da plataforma da estação de trem Júlio Prestes. Com projeto arquitetônico de Ruy Ohtake e Carla Polli, o novo espaço teatral é uma realização da Secretaria de Estado da Cultura em parceria com a BR Distribuidora e Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. A compositora e arranjadora Magda Pucci assina a direção musical da montagem, cuja trilha sonora é integrada por 22 canções, 18 coros e 10 músicas incidentais. A iluminação ficará a cargo de Caetano Vilela, também assistente de direção. Iluminação difícil e fundamental num espetáculo concebido para um palco muito especial - na verdade uma passarela cercada por duas grandes arquibancadas com capacidade para 500 espectadores. Para quem ainda não teve coragem de aventurar-se na leitura do poema épico, José Rubens Siqueira garante: "Ninguém ouvirá nada no espetáculo que não tenha sido escrito por Camões. Mesmo as letras das canções foram criadas a partir de seus versos. Só o que fiz foram cortes e algumas inversões." O poema narra a primeira viagem feita por Vasco da Gama para a Índia - de 8 de julho de 1497 a 29 de agosto de 1499. Seguindo a convenção do gênero épico, Camões começa sua história já pelo meio, ou seja, com a esquadra em pleno mar. Numa das paradas da esquadra, na costa oriental da África, Vasco da Gama narra ao rei de Melinde os feitos dos povos portugueses. Só então fala sobre a criação de Portugal, os feitos dos povos portugueses e, na sequência, a partida da esquadra. "Eu inverti essa ordem. O espetáculo começa com uma cosmogonia, com a fundação de Portugal." Ainda que tenha escrito sua epopéia em plena era das cruzadas cristãs, Camões não tem pudor em convocar os deuses do Olimpo para falar do nascimento de sua pátria, no melhor estilo renascentista. Os Lusíadas, de Camões. Adaptação José Rubens Siqueira. Direção Iacov Hillel. Duração: 100 minutos. De quarta a sexta, às 20h30; sábado, às 19 e 22 horas; domingo, às 19 horas. De R$ 15,00 a R$ 30,00. Estação das Artes. Praça Júlio Prestes, s/n.º, tel. 3337-5414. Até 27/5. Estréia amanhã para convidados.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.