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BC surpreende e juro sobe 0,5 ponto

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) surpreendeu ontem o mercado, ao elevar a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto porcentual, para 11,75% ao ano. A expectativa da maioria dos analistas era de uma alta de 0,25 ponto porcentual. Foi o primeiro reajuste desde maio de 2005, quando a Selic passou de 19,5% para 19,75% ao ano. "O comitê entende que a decisão de realizar, de imediato, parte relevante do movimento da taxa básica de juros contribuirá para a diminuição tempestiva do risco que se configura para o cenário inflacionário e, como conseqüência, para reduzir a magnitude do ajuste total a ser implementado", afirmou o comunicado divulgado após o encontro. A votação foi unânime. Embora projetasse elevação de 0,25 ponto, o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, disse ter ficado "confiante" com o texto. "A sinalização, que ainda precisa ser confirmada na ata, é de que o ciclo de alta da Selic pode ser curto." Ele prevê que a taxa encerrará 2008 em 12,75% ao ano. A consultoria MB Associados estava entre as instituições que projetavam uma elevação de 0,50 ponto. "Para um BC preocupado com a demanda, seria melhor um ajuste mais forte para ancorar as expectativas (de inflação) o mais rapidamente possível", afirmou o economista-chefe da consultoria, Sergio Vale. Ele refere-se ao fato de o próprio mercado financeiro ter elevado, nas últimas semanas, as previsões para a inflação em 2008. O relatório Focus divulgado pelo BC segunda-feira mostrou que os analistas projetavam uma alta de 4,66% para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no ano. O indicador baliza a meta de inflação no País, definida em 4,5%, com margem de erro (para cima ou para baixo) de dois pontos porcentuais. Foi a primeira vez que o mercado, na média, estimou uma variação superior ao centro da meta. Para Roberto Padovani, economista do banco WestLB, ao optar por 0,50 ponto, "o BC quis dar sinais convincentes de comprometimento com a meta". A decisão do BC provocou duras críticas no meio empresarial e entre os sindicatos. O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Arthur Pereira, considerou a alta "lamentável". O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, disse estar "perplexo". O BC começou a demonstrar desconforto com a inflação no fim de 2007. No primeiro trimestre, os recados se intensificaram e levaram o mercado a dar como certa uma alta da Selic nesta semana. "A oferta da economia, somada às importações, não tem conseguido suprir a demanda. Com isso, algumas medidas de núcleo da inflação (que excluem energia e alimentos) estão subindo", disse Caio Megale, da Mauá Investimentos. O Copom reúne-se de novo nos dias 3 e 4 de junho.

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