Publicidade

Brasil chega à transição energética com metade da infraestrutura necessária, diz diretora do BNDES

Luciana Costa defende aumentar os investimentos na área, com apoio do banco e de agentes privados; aprovações para o setor de infraestrutura do BNDES somaram R$ 58 bilhões em 2023

Por Denise Luna (Broadcast)

RIO - O Brasil chega à transição energética com metade da infraestrutura que deveria ter, apesar das vantagens comparativas do País, afirmou nesta sexta-feira, 23, a diretora de infraestrutura, transição energética e mudança climática do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), Luciana Costa.

PUBLICIDADE

Ela listou como vantagens: estabilidade geopolítica; matriz energética 47% limpa (87%, se considerada só a matriz elétrica); minerais críticos; garantia de segurança alimentar para o País e para o mundo; etanol; biomassa; e o fato de ser o quinto produtor de biometano do mundo.

“Nenhum país tem todas essas vantagens comparativas combinadas, só que a gente tem um País que tem metade da infraestrutura que deveria ter. O nosso desafio é o custo de capital e concorrer com países que estão lançando planos de subsídios. A gente está vendo algumas indústrias que poderiam estar aqui indo para os Estados Unidos produzir SAF (bioquerosene de aviação) e biocombustíveis”, explicou.

A diretora disse que, para resolver o dilema da infraestrutura, que afeta o custo Brasil e se arrasta há anos, a solução seria aumentar os investimentos na área, com apoio do BNDES e de agentes privados, como ocorreu no caso da Águas do Rio, empresa que ganhou a concessão do saneamento básico do Estado e tem investimentos de R$ 19 bilhões viabilizados pelo banco.

Usina de Itaipu; geração de energia hidrelétrica ajuda país na transição energética, mas ainda há muito a ser feito Foto: Gabriel Campos Neto / Itaipu Binacional

“Esse investimento da Águas do Rio é o maior investimento do BNDES. Tudo o que eles fizeram foi com estruturação do BNDES, envolvendo agentes privados. Mas a nossa estruturação e presença no projeto dá segurança para que os bancos privados acompanhem”, disse Costa.

No ano passado, as aprovações para o setor de infraestrutura do BNDES somaram R$ 58 bilhões, alta de 25% em relação ao ano anterior, enquanto o desembolso atingiu R$ 35 bilhões, de um total de R$ 114 bilhões, confirmando a infraestrutura como a maior área do banco.

Projetos aprovados

Para este ano, a expectativa da diretora é que a taxa de crescimento das aprovações de projetos do banco seja pelo menos repetida, “entre 25% e 30%”, mas ela admite que deveria ser bem maior, para fazer frente às necessidades do País.

Publicidade

“É um luxo ter o BNDES, temos capacidade grande de estruturação, mas a gente não tem o subsídio. Mais de 80% do nosso funding é mercado, e os investimentos saem buscando custo de capital menor e subsídios. O que a gente consegue fazer ainda é dar funding de longo prazo. Para a infraestrutura o prazo é de até 35 anos e, para energia, 34 anos”, avaliou Costa, ressaltando que, em algum momento, a sociedade brasileira terá de debater o aumento de investimentos em infraestrutura, o que passa por subsídios.

“A gente pode rediscutir subsídios, tirar de áreas que não fazem sentido, por exemplo. Estou bem otimista para este ano”, concluiu.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.