PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Um blog sobre tendências e experiências de empresas e marcas com causas sociais que promovem impacto positivo na sociedade

Opinião|Carnaval no Brasil tem celular do ladrão patrocinado

Carnaval, dia das mães, dia dos pais e natal são datas desafiadoras para os publicitários. Todo ano precisa ter uma ideia criativa e inovadora para as marcas.  Quanto mais excêntrica a iniciativa, mais aparece nas redes sociais e mais potencial tem de se tornar um buzz. 

PUBLICIDADE

Então, neste carnaval eis que surge o Brahma Phone, uma iniciativa considerada pelos criativos da marca como um produto revolucionário, para resolver um problema sem solução: "perder" o celular durante o carnaval. Na ação a Brahma distribuiu 400 celulares no Rio e 400 em Salvador. Só em despesas com celulares foram R$ 400 mil, pois são aparelhos com funções simples com GPS, fazer e receber ligações, fotos de baixa qualidade e claro, espaço para o aplicativo de entrega de cerveja. 

Rapidamente a novidade foi apelidada nas redes sociais como "celular do ladrão". E não adianta a marca dizer que a ação é para quem perdeu o celular, pois sabemos que em grandes multidões o que acontece é roubo mesmo. 

 

Num país onde são roubados em média 2700 celulares por dia, podemos interpretar este dado como mais um indicador de falta de segurança pública que há anos acompanha o país. Parte desta situação se deve a desigualdade social que assola o país por diferentes razões.  

Então fica a pergunta: cabe uma marca reforçar os pontos negativos do nosso país? Em minha humilde opinião, oferecer uma solução, que fortalece o "jeitinho brasileiro" (jargão enaltecido por publicitários na década de 1970),  como forma de resolver um problema de difícil solução, é no mínimo, decepcionante.  

Publicidade

Os criativos podem argumentar que não criaram a iniciativa para os celulares roubados e sim para os perdidos. Bom, neste caso pressupõe-se que num país seguro, as pessoas que se importam com questões éticas, morais ou legais devolveriam o celular, num grandioso achados e perdidos do carnaval. Mas aí já é pedir demais, não é mesmo? Explicar toda esta solução seria mais complexo, caro e não passaria nos critérios dos publicitários.

Então ficamos assim, no país de grandes desigualdades sociais, a criatividade  dos marketeiros fica limitada a patrocinar o celular do ladrão, pois assim é bem mais simples. E viva o carnaval!

Opinião por Wal Flor
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.