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Jornalista e comentarista de economia

Opinião|2024 e o que está por vir

Risco do rombo fiscal aumentar com as eleições de outubro e o recuo da poupança interna e dos investimentos são pontos de preocupação na economia brasileira em 2024

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Foto do author Celso Ming

No último domingo, esta Coluna observou como as projeções econômicas feitas no início de 2023 para todo o ano deram errado. As apostas de analistas e consultores ficaram longe do alvo. Como a dinâmica dos fatos nem sempre coincide com as previsões dos entendidos, é melhor não se apegar a números frios, mas tentar avaliar as tendências. Então, vamos lá.

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Na área externa, a balança comercial tem tudo para continuar a dar show, especialmente pelo forte superávit da balança comercial (exportações menos importações) continuará alavancada pelo aumento das exportações de petróleo e de grãos, a despeito dos estragos de safras agrícolas que poderão ser provocadas pelo fenômeno El Niño.

Como continua sobrando muito dinheiro no mercado global, resta saber se a entrada de Investimentos Diretos no País seguirá a tendência de queda do último ano. Caso contrário, a consequência imediata dessa equação, parece inevitável que o real continue a se valorizar, fator que ajudará a derrubar a inflação, porque barateará os importados.

Inflação em queda deverá puxar para baixo também os juros básicos (Selic) que o mercado vem avaliando para 9,00% no fim do ano, mas que pode recuar algo mais, dependendo de como for o comportamento da inflação nos próximos meses.

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Outra área promissora continua sendo a queda do desemprego, que caiu para 7,5% da força de trabalho no trimestre encerrado em novembro. A principal hipótese para esse desempenho melhor parecer ser o aumento do uso de tecnologia.

Agora, o que não vai bem. A lista começa com a questão fiscal. 2024 será um ano eleitoral e crescerá a coceira dos políticos por mais gastança. Esta continua sendo a principal fonte de incertezas.

Desta vez, o cumprimento das previsões de crescimento do PIB de apenas 1,5% parece mais provável porque a atividade econômica já vem em desaceleração e o desempenho do agro pode não ser tão bom quanto em 2023 pelo impacto das mudanças climáticas. Nada indica que a indústria de transformação se recuperará do seu deslizamento morro abaixo. E o consumo das famílias poderá continuar retraído porque o nível de endividamento das famílias segue alto demais e compromete o orçamento doméstico.

O tombo da poupança interna e dos investimentos em 2023 foi tão acentuado que é mais provável que se recuperem em alguma coisa nos próximos 12 meses. Mas são fatores que continuarão altamente insuficientes para o País que pretende crescer de forma sustentável a 3% ao ano. O setor que pode salvar a pátria ainda é o avanço do potencial de geração de energia limpa e renovável (eólica e solar) e a economia verde.

Outra fonte de incerteza é a economia global. Os grandes bancos centrais continuam vacilando na derrubada dos juros porque a inflação continua alta e, nos Estados Unidos, porque o despejo de mais moeda na economia tenderá a acirrar a situação de pleno emprego.

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Feliz ano novo.

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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