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Bastidores do mundo dos negócios

‘É legado e desafio repetir o que meu pai fez’, diz novo presidente da Multiplan

Companhia foi fundada em 1975 e presidida desde então por José Isaac Peres. Hoje é uma das maiores do setor de shoppings

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Foto do author Circe Bonatelli
Novo presidente da Multiplan, Eduardo Peres, 52 anos, começou como estagiário, aos 18. No período, companhia foi de 5 para 20 shoppings.  Foto: PEDRO KIRILOS / ESTADÃO

Uma das mais antigas empresas de shoppings do Brasil acaba de trocar o comando pela primeira vez. A Multiplan, fundada em 1975 e presidida desde então por José Isaac Peres, de 82 anos, terá agora o filho, Eduardo Peres, 52, como comandante. Peres pai ficará no conselho de administração. O novo presidente executivo ingressou como estagiário na Multiplan aos 18 anos e passou por todas as áreas antes de assumir o comando. Ele admite que as comparações com o pai - a maior referência do empresariado brasileiro no setor - são naturais, mas não um peso. “É um legado e um desafio repetir o que meu pai fez. Mas aqui não há um clima de competição”, afirma à Coluna do Broadcast.

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Desde que entrou no grupo, Eduardo viu a Multiplan crescer de 5 para um total de 20 shoppings. Além de inaugurações, a companhia também expandiu a área das unidades e fez aquisições. Na visão do filho, isso foi fruto de um trabalho conjunto. “Quando entrei na Multiplan, eu tinha 18 anos, e ele, 48. Então, o que está aqui é produto meu e dele”, ressalta.

Para 2023, há um sentimento de que o consumo continuará forte dentro dos shoppings, o que representa oportunidades. Segundo o novo presidente, há expansões em estudo, com boas chances de novos projetos serem anunciados ainda neste ano. Ao ser perguntado sobre a crise da Americanas, Eduardo diz que foi uma surpresa, mas descarta a avaliação de que há uma onda negativa se formando entre as grandes varejistas. “Não vejo isso acontecendo nas outras lojas que compõem nosso portfólio”.

Leia abaixo a entrevista:

Broadcast: Como o senhor se sente na presidência da Multiplan? Eduardo Peres: É um legado e um desafio repetir o que meu pai fez. Mas aqui não há um clima de competição. Uma das coisas boas que o Multiplan tem é o clima amigável. Todo mundo é soldado brigando dentro do mesmo exército.

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Broadcast: Como foi a sua trajetória na empresa?

Peres: Comecei em 1988, há 34 anos. Eu tinha 18 anos e era estagiário. Passei por todas as áreas: engenharia, economia, administração, finanças, outras. Eu fiz faculdade de Administração, mas nem sempre deu para conciliar tudo. Minha grande formação foi a Multiplan.

Broadcast: Teve o peso de ser visto como o filho do dono?

Peres: Isso naturalmente acontece, ainda mais se tratando de uma pessoa tão vitoriosa quanto o meu pai. Imagina um jogador de futebol que é filho de um grande atleta. A comparação acontece. Mas eu não tive isso como um peso. Eu consegui conviver com ele. Quando entrei na Multiplan, eu tinha 18 anos, e ele, 48. Hoje tenho 52 e ele, 82. Então, o que está aqui é produto meu e dele. Houve muito atrito ao longo desse tempo? Sim, é natural. Quando a gente é novo, às vezes, se tem umas ideias impetuosas que não dão certo.

Broadcast: O que vai mudar na Multiplan sob a sua gestão?

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Peres: A intenção do meu pai foi passar a presidência para alguém que ela tenha a segurança que continuará fazendo as coisas da mesma forma, com a mesma lisura e transparência. Sem contar que ele não vai parar, estará sempre aqui. O hobby dele é trabalhar. E temos muito a crescer e a acrescentar ao Brasil. A empresa pode se desenvolver ainda mais.

Broadcast: Após a sua chegada à presidência vão ter mudanças na direção?

Peres: O desafio é preparar uma nova geração de executivos para a empresa durar os próximos 50 anos. Por agora, vamos trazer apenas pessoa para a vice-presidência de operações, que eu ocupava, e não deve ter outras mudanças mais.

Broadcast: Quais as suas expectativas para o setor de shoppings em 2023?

Peres: Ano passado foi excelente, com recordes de vendas e de tráfego de visitantes. Este ano será tão bom quanto o ano passado. Tanto é que já abrimos janeiro com resultados muito avançado de vendas. Estou otimista e acredito que o consumo seguirá forte apesar da taxa de juros alta.

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Broadcast: Como?

Peres: Não sou economista, mas ando em vários lugares e observo o hábito das pessoas. Na pandemia, todo mundo teve proximidade com o tema da morte. As pessoas agora querem viver. E viver demanda gastar e consumir. Às vezes, o instrumento financeiro de alta de juros não funciona [para inibir o consumo]. Nos Estados Unidos, por exemplo, subiram juros duas vezes e o consumo seguiu forte.

Broadcast: De que maneira a Multiplan pretende aproveitar essa expectativa de continuidade do consumo?

Peres: De bate pronto, temos duas expansões de shoppings. As unidades de Curitiba e Belo Horizonte já estão com obras em andamento e os novos espaços sendo comercializados. E vemos oportunidade de crescer em outros empreendimentos, como os de Jundiaí e de Maceió. Vamos estudar. É bem possível que anunciemos outras expansões este ano.

Broadcast: Estão com apetite para aquisições?

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Peres: Nunca deixamos de estudar nenhuma. À medida em que aparecem, olhamos. É mais desafiador, pois tem carrego de juros alto. Mas não é impossível.

Broadcast: A recuperação judicial da Americanas e a reestruturação de dívidas por parte da Marisa são situações que apontam para o risco de problemas financeiros graves em outras grandes varejistas?

Peres: Não acredito nisso. Até me surpreendi com as Americanas, que tinham crescimento de vendas e passaram por reorganização societária. Temos boas relações com eles há anos. E nenhum aluguel atrasado. No caso de Marisa, não temos exposição alguma pois a rede não tem lojas com a gente. E também não vejo isso [proliferação de casos de reestruturação] acontecendo nas outras lojas que compõe nosso portfólio.

Broadcast: Como vê os shoppings daqui 10 anos, quando o comércio eletrônico e os meios digitais estiverem ainda mais avançados?

Peres: Os shoppings não vão deixar de existir nunca porque eles são centros de encontro. Vejo a atitude dos meus filhos, por exemplo. Eles se conhecem pela mídia social, mas não abrem mão de se encontrar pessoalmente. Muitas vezes o shopping faz a função das antigas praças. No futuro, os shoppings podem ter mais serviços e gastronomia, mas sempre serão centros de encontro, lazer e também de compras.

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Este texto foi publicado no Broadcast no dia 10/02/2023, às 14h28

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