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Bastidores do mundo dos negócios

Incerteza sobre juros nos EUA deve atrasar oferta bilionária do BRB

Transação estava prevista para o primeiro semestre, mas pode ficar para o final do ano

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Por Matheus Piovesana (Broadcast)
Nos últimos cinco anos, o BRB cresceu para fora do Distrito Federal, chegando a outros 12 Estados Foto: DIV

As incertezas sobre o início da queda dos juros nos Estados Unidos devem empurrar para o final deste ano a oferta subsequente de ações (follow on) do Banco de Brasília (BRB). A instituição está com assessores financeiros contratados e a documentação pronta, mas acredita que terá de esperar um apetite mais amplo do mercado para emplacar a oferta, inicialmente prevista para o primeiro semestre deste ano.

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A transação deve movimentar de R$ 1 bilhão a R$ 2 bilhões e terá características de uma reestreia na Bolsa, o chamado “reIPO”. “O [Jerome] Powell (presidente do Fed, o banco central dos EUA) indicou aquele cenário de três reduções de taxa no segundo semestre”, diz o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa. “Se abrir uma janela, ela virá no último trimestre do ano.”

A inflação ao consumidor americano em março veio acima da esperada pelo mercado e reduziu as chances de um corte de juros nos EUA ainda no primeiro semestre. Isto significa que deve levar mais tempo para que investidores comecem a procurar ativos de renda variável, tanto em países desenvolvidos quanto nos emergentes. Trata-se de um cenário pouco favorável a ofertas de ações.

Ações têm pouca liquidez na Bolsa

Embora já sejam listadas na B3, as ações do banco têm uma liquidez baixa, porque o porcentual dos papéis que está em circulação no mercado é pequeno, de 11,6%. Essa liquidez é ainda menor porque 9,5% estão com a associação dos funcionários do banco. Ou seja, apenas 2,05% dos papéis circulam “de fato” na Bolsa. O BRB é avaliado em R$ 3,45 bilhões.

O tamanho exato da oferta ainda não está fechado, mas a ideia é que o governo do Distrito Federal continue no controle do banco, com uma participação menor. O BRB deve emitir novas ações, e os recursos obtidos com a venda dos papéis serão utilizados para expandir a carteira do banco.

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Nos últimos cinco anos, o BRB cresceu fora do DF, chegando a outros 12 Estados, e passou a atuar mais fortemente em carteiras como a do crédito rural, o imobiliário e linhas sem garantias para pessoas físicas. A carteira de crédito tem crescido bem acima da média do mercado.

Banco tentou realizar emissão em 2021

O BRB tentou lançar a oferta em 2021, mas acabou desistindo diante do fechamento do mercado brasileiro. O banco tem índices de capital confortáveis, mas vê a oferta de ações como determinante para sustentar o novo ciclo de crescimento.

Enquanto a oferta não sai, o BRB avança em outras frentes. No Nação Fla, banco digital montado em parceria com o Flamengo, a ideia é buscar um novo sócio. Uma nova empresa foi criada para permitir a chegada de mais um parceiro e, segundo o grupo, já há interesse por parte de bancos digitais, empresas de turismo e transportes.

O banco digital tem 3,5 milhões de clientes e virou o símbolo da expansão do BRB pelo País. Considerado o clube de futebol com a maior torcida do Brasil, estimada em 50 milhões de pessoas, o Flamengo “levou” o BRB a ter clientes em 93% das cidades brasileiras. Nos novos planos, há previsão para lançar um cartão de crédito para alta renda e um “superapp”.


Este texto foi publicado no Broadcast no dia 11/04/24, às 18h55

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