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Bastidores do mundo dos negócios

Méliuz espera sair do vermelho este ano, após venda do Bankly ao BV

Negócio deve gerar até R$ 225 milhões, diz executivo

Por Julia Pestana
Escritório do Méliuz em Manaus: anúncio da venda do Bankly ocorreu no final do ano passado Foto: Méliuz/Divulgação

A aprovação da venda do braço de pagamentos do Méliuz, o Bankly, para o banco Votorantim (BV) contribui para a companhia se aproximar do objetivo de atingir o “ponto de equilíbrio” (breakeven), segundo o diretor de Relações com Investidores, Marcio Penna. “Com essa venda, a expectativa é que o breakeven possa acontecer ainda este ano”, disse ele em entrevista ao Broadcast.

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No anúncio feito ao final de 2022, foi informado que o valor da transação era de R$ 210 milhões, sujeito a determinados ajustes e correção pela variação positiva acumulada do CDI entre 30 de março de 2023 e a data do efetivo pagamento pelo BV. Sobre este valor, Penna prevê que, com os ajustes, o montante será de R$ 215 milhões a R$ 225 milhões.

“A empresa está com uma estratégia de cortar custos e despesas, pois os nossos resultados estão negativos e em todo trimestre reportamos prejuízo, apesar do prejuízo ser sempre menor que o do trimestre anterior. Por isso essa venda é crucial. O Bankly é o ativo da companhia que mais queima caixa e gera prejuízo”, afirma o diretor de RI.

Cenário está difícil para empresas de tecnologia expostas aos juros

Além dos gastos advindos do ativo, a Méliuz está inserida em um contexto desafiador para empresas de tecnologia com sensibilidade à taxa de juros e alto grau de endividamento para crescer.

“Quando compramos o Bankly em 2021, havia juros mais baixos e tínhamos feito o IPO (sigla em inglês para “oferta pública inicial de ações”) para efetuar novas verticais de investimentos. Fez sentido na época em que precisávamos da instituição financeira para ter conta e cartões próprios. Agora os juros estão muito altos e faz mais sentido deixar o risco de crédito debaixo do BV, mas continuar uma parceria para ter os produtos financeiros”, disse Penna.

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A autorização do Banco Central (BC) para a transferência completa do controle societário foi divulgada nesta segunda-feira, 23, levando as ações da Méliuz a experimentarem uma valorização máxima de 10,89% no pregão. Com mais de 12 mil negociações fora do Ibovespa, os papéis fecharam em alta de 9,33%, cotados a R$ 7,03. Apenas na sessão de hoje, a empresa ganhou R$ 51,937 milhões em valor de mercado, para R$ 608.524,00.

Aprovação pelo Banco Central dissipa incertezas

Para o economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti, por mais que a mudança do controle já estivesse no radar do mercado desde o anúncio em 2022, a aprovação do BC dissipa incertezas que ainda pudessem existir em torno da conclusão da transação. “Enquanto não há aprovação do órgão regulador, ainda pairam incertezas. Por isso a notícia repercute de forma positiva, pois incrementa caixa em um cenário desafiador para ‘techs’ e de aversão à tomada de riscos no mercado”, diz Bertotti.

Após se reunir com o CEO da Méliuz, Israel Salmen, e outros executivos seniores, o BTG Pactual comenta em relatório que, com o setor de comércio eletrônico potencialmente se recuperando devido a um melhor ambiente macro e impactos sazonais, a companhia está prestes a atingir um Ebitda equilibrado, o que significa uma valorização sobre as previsões da casa para os resultados da empresa. Ebitda é a sigla em inglês para “lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização”. É um indicador da capacidade de geração de caixa de uma empresa.

O banco diz que, se isso de fato acontecer, o valuation (valor atual das ações) parece “extremamente atraente”, particularmente considerando o potencial da empresa de um fluxo de caixa operacional positivo e posição de caixa líquida esperada de R$ 647 milhões.



Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 23/10/23, às 17h55.

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