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Bastidores do mundo dos negócios

Vacinação lenta e colapso na saúde fazem Gol perder capacidade de projetar seus negócios

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Atualização:
Gol e Avianca criaram a holding Abra, que controlará as duas empresas  Foto: Fábio Motta/Estadão

Se 2020 foi difícil para as companhias aéreas, este ano deixou o cenário ainda mais nebuloso.  Com a média de voos despencando, a lentidão da vacinação e o colapso da saúde no País, a Gol perdeu a capacidade de fazer projeções no curto prazo. A oferta de voos está ajustada até abril, mas não há horizonte claro a partir de maio, indicaram os executivos do grupo.

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"Temos conseguido adequar a nossa oferta em relação à demanda de maneira muito rápida, mas hoje ainda existe uma irracionalidade no mercado. É difícil falar em qual patamar o setor vai se estabelecer", disse o presidente da Gol, Paulo Kakinoff, em teleconferência com analistas ontem.

Segundo Kakinoff, a companhia iniciou o ano com média de 600 voos por dia. A situação piorou e, em fevereiro, a oferta já havia caído pela metade. No início de março, estava em 250 voos diários, ou 40% do patamar registrado no mesmo mês do ano passado. A expectativa é de uma nova retração até o fim do mês, para próximo de 200.

Kakinoff afirmou que o cenário de incertezas em relação à velocidade da vacinação faz com que este seja o momento de menor previsibilidade, do ponto de vista do cliente. "Enquanto não tivermos mais previsibilidade, a curva de reservas deve sofrer", disse.

Previsibilidade se restringe a próximos 20 dias

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Segundo o vice-presidente financeiro e diretor de relações com investidores da companhia, Richard Lark Jr., as vendas da companhia têm sido registradas com um período mais curto de antecedência. "Nossos dados não mostram visibilidade além de 20 dias e qualquer estimativa para curto prazo seria especulação."

Os executivos esperam a retomada no médio prazo. "Devemos ter demanda mais consistente após o fim do segundo trimestre , com o processo de vacinação contra a covid-19 crescendo no País", afirmou o vice-presidente de vendas e marketing da Gol, Eduardo Bernardes, na teleconferência.

No quarto trimestre, a aérea registrou lucro líquido de R$ 16,8 milhões, queda de 95,2% na comparação anual. No resultado recorrente do período, houve prejuízo de R$ 861,9 milhões.

Acordo com Smiles ganha importância

Lark disse que, para administrar o endividamento, a companhia tem opções "dentro e fora de casa" e que tem "mantido um relacionamento com o mercado de crédito e de capitais".

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O que poderia aliviar o caixa da companhia é a incorporação da Smiles, proposta que será apresentada ao conselho da controlada na semana que vem. Caso não haja consenso, uma nova discussão levaria um tempo considerável, entre seis e 12 meses, conforme anunciado pelos próprios executivos no início do mês.

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Diante de um cenário de alta volatilidade, a aérea prevê para o primeiro trimestre de 2021 uma redução de 7% da capacidade em relação ao intervalo anterior. Após este período, a esperança da companhia - e do resto da economia - está na velocidade de vacinação da população brasileira, o que tem se mostrado incerto.

Analistas dizem que pior cenário é agora

Os analistas Stephen Trent, Brian Roberts e Roberta Versiani, do Citi, destacam, em relatório, que os riscos para o setor devem se concentrar no primeiro trimestre. Segundo eles, os desafios da Gol incluem movimentos adversos de preços de combustível de aviação, condições econômicas negativas ou mudanças regulatórias e um impacto mais profundo do que o esperado de surto da covid-19.

A avaliação é de que os resultados da aérea foram bons, em meio a um cenário de forte retração da demanda.

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Os analistas também acreditam numa melhora de cenário no Brasil mais adiante, conforme avancem as taxas de imunização. A percepção é de que "tanto a Gol quanto sua principal rival doméstica parecem preparadas para se beneficiar do crescimento da demanda."

Esta reportagem foi publicada no Broadcast+ no dia 18/03/2021, às 17:39:09.

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