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Denúncia de assédio sexual na Petrobras gera enxurrada de relatos de funcionárias da estatal

Ex-petroleiro é acusado de assediar faxineira dentro de centro de pesquisa, no Rio de Janeiro; empresa afirma não tolerar violência

Por Gabriel Vasconcelos (Broadcast)
Atualização:

RIO - Uma denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) contra um ex-funcionário da Petrobras acusado de assediar uma faxineira dentro do Centro de Pesquisa da estatal no Rio de Janeiro (Cenpes) gerou uma enxurrada de relatos similares em grupo de Whatsapp que reúne funcionárias da estatal.

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Reconhecidos pela estatal, os relatos despertaram reação do presidente da companhia, Jean Paul Prates, que gravou vídeo no fim de semana para dizer que a situação é “inadmissível”. Segundo o executivo, no próprio sábado, 1º de abril, houve reunião de gerentes executivos para propor ações mais firmes e céleres de combate ao assédio.

Em 8 de março, por ocasião do Dia Internacional da Mulher, o Broadcast/Estadão publicou reportagem sobre a rotina de assédio de mulheres embarcadas em plataformas de petróleo. Uma delas, a técnica de segurança Jessica Louzada, conta que chegou a dormir com uma chave de fenda embaixo do travesseiro quando estava embarcada com mais de 100 homens e, uma noite, recebeu telefonemas de um assediador que estava com ela na estrutura.

Desta vez, a onda de relatos começou após o MPRJ ter denunciado um petroleiro no fim de janeiro por assédio e importunação sexual contra uma funcionária terceirizada da limpeza.

Segundo o promotor Sauvei Lai, em peça obtida pelo Broadcast/Estadão, o funcionário praticou “atos libidinosos contra a mulher valendo-se do fato de possuir cargo hierárquico superior”.

O funcionário teria esfregado, por três vezes, o órgão sexual nas nádegas da vítima em junho de 2022, conforme registro de ocorrência feito pela mulher. O documento destaca que, durante suas tentativas de se relacionar sexualmente com a auxiliar de limpeza, o denunciado “balançava seu crachá” e a constrangia de forma insistente, apesar das recusas. De acordo com a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) do Centro do Rio, os dois inquéritos relacionados ao caso já foram concluídos e relatados ao Ministério Público.

Assédio teria ocorrido no centro de pesquisa da Petrobras (Cenpes). À esquerda, a primeira construção do Cenpes, de 1968. À direita, a nova parte do centro tecnológico após a inauguração, em 2010. Foto: Petrobrás

Quando a história veio a público, outras funcionárias da companhia passaram a relatar casos similares em grupo do Whatsapp, que foram compilados pela GloboNews. Nos relatos, mulheres embarcadas em plataformas de petróleo disseram dormir com cadeiras na porta dos quartos após a invasão de homens em seus quartos e afirmaram haver tentativas de relação forçada e apalpamento não autorizado de seus seios.

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Assédio no Cenpes

Segundo a denúncia do MPRJ, quando a funcionária entrava na sala do acusado para limpar o local, ele expunha o órgão sexual, dava tapas em suas nádegas, solicitava beijos e a questionava sobre sua calcinha.

Procurada, a Petrobras informou que o petroleiro já não faz mais parte do quadro de empregados da empresa e que o processo de assédio segue em andamento na Justiça. Após receber as denúncias, a estatal abriu apuração interna e adotou as medidas administrativas.

“A Petrobras reafirma que não tolera qualquer ato de violência, agressão, atitudes de assédio moral ou sexual contra qualquer pessoa”, informou a companhia. A empresa diz ter começado análise minuciosa dos mecanismos de combate e prevenção a esses crimes nos ambientes de trabalho e que, a partir disso, vai adotar “medidas rigorosas e diligentes” para fortalecer esses mecanismos.

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